Na pista dos “Mistérios da
Arrábida”
O
Parque Natural da Arrábida, devido à natureza predominantemente calcária da sua
geologia é um espaço pobre em recursos hídricos de superfície, porém, o mesmo
não acontece em relação aos seus recursos subterrâneos, os quais são
abundantes, devido à fácil infiltração das águas.
Devido
a esta característica vamos encontrar poucas linhas de água na área do parque.
A
Ribeira da Ajuda, que vai desaguar no Rio Sado, junto à Comenda de Mouguelas é aquela
de maior caudal e a que consegue conservar a água por mais algum tempo, embora
geralmente já não o consiga fazer durante todo o ano.
Esta
ribeira é alimentada também com outros cursos de águas provenientes de ribeiras
de menor caudal que a ela se vêm juntar e que fazem os seus trajetos pelos
férteis vales dos Picheleiros, Ajuda e Alcube.
E
é precisamente no vale de Alcube, um verdejante espaço que separa as Serras de
São Luís e de São Francisco, entre luxuriante vegetação, que podemos admirar
uma das mais belas pérolas do Parque Natural da Arrábida: a cascata de Alcube.
Numa
das incursões pelos diversos recantos do P.N.A. para melhor o conhecer e poder
partilhar o que observo nesse belo espaço estive junto a esta cascata, um local
bem conhecido dos andarilhos da serra mãe, mas desconhecido da grande maioria
dos setubalenses, embora o mesmo se encontre a cerca de vinte minutos do limite
da cidade, para quem sai na direção de Azeitão.
Embora
saiba que há por ali uma “caxe” dos praticantes de geocaching, um “tesouro”
escondido discretamente, o que hoje ali me despertou a atenção foi um vazo com
flores de plástico colocado precisamente a meio da bela cascata.
Um
copo, contendo uma vela, encontrava-se um pouco mais acima daquela queda de
água, sinais indiciadores de noturnas práticas obscuras que vou encontrando um
pouco pelos mais improváveis lugares da Serra, seja em pontos altos ou mesmo no
interior das suas grutas.
Embora
os conhecedores da serra se deparem com alguma frequência com estes rastos, o
facto é que para além deles também já tive oportunidade de ver (sem ser visto)
gente envergando roupagens negras num mítico lugar onde as velas ainda se
encontravam acesas.
E
é por estas belezas naturais de muitos desconhecidas e por estas ações místicas
do ser humano que o meu interesse por este belo parque não esmorece, antes pelo
contrário. É que a serra mãe não se descobre, vai-se descobrindo e por isso eu continuo
na pista dos “Mistérios da Arrábida”.
Rui
Canas Gaspar
2016-abril-20
www.troineiro.blogspot.com
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