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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Casa Girão, quem te viu e quem te vê!... 

Talvez muitos não saibam, mas, as ruas da baixa de Setúbal eram bem mais movimentadas do que agora podemos observar. O coração da cidade era ponto de encontro, local onde as montras das lojas eram apreciadas, o sítio certo para fazer as compras de quem queria andar na moda.

Daí a quantidade de sapatarias e de lojas de fazendas que abriram portas em meados do século passado e se mantiveram durante longos anos até que novas realidades surgiram, nomeadamente os pronto-a-vestir e os centros comerciais.

No dia 26 de junho de 1953 uma moderna casa de comércio a retalho de texteis abria as suas portas na Rua Antão Girão, quando o reduzido trânsito automóvel ainda por lá se processava. A nova e elegante loja tomou o nome da própria artéria e foi então designada por “Casa Girão”.

As casas comerciais são como os seres vivos, nascem, crescem e morrem. E foi isso mesmo que aconteceu a esta loja de referência do comércio setubalense, já lá vão alguns anos.

O curioso é que a loja fechou, mas o que restava dos artigos para venda, nomeadamente as peças de tecido, por lá ficaram e até a decoração da montra não foi desfeita.

Até hoje assim se encontra, como podemos observar espreitando pelas vidraças quase opacas do pó acumulado ao longo de vários anos de encerramento.

Os porcalhões que não gostam desta terra trataram de rabiscar tudo o que podiam junto à antiga casa comercial, onde tantas senhoras e meninas setubalenses compraram os tecidos com que se apresentaram elegantemente vestidas com modelos de sugestivos figurinos de moda.

E é no estado em que a imagem documenta que infelizmente se encontra este espaço que foi uma casa de referência, em pleno coração de Setúbal, um coração que sangra de tanta injustificada e impune agressão perpetrada por gente que de gente só tem o nome.

Rui Canas Gaspar

2017-janeiro-23


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