Casa Girão, quem te viu e
quem te vê!...
Talvez
muitos não saibam, mas, as ruas da baixa de Setúbal eram bem mais movimentadas
do que agora podemos observar. O coração da cidade era ponto de encontro, local
onde as montras das lojas eram apreciadas, o sítio certo para fazer as compras
de quem queria andar na moda.
Daí
a quantidade de sapatarias e de lojas de fazendas que abriram portas em meados
do século passado e se mantiveram durante longos anos até que novas realidades
surgiram, nomeadamente os pronto-a-vestir e os centros comerciais.
No
dia 26 de junho de 1953 uma moderna casa de comércio a retalho de texteis abria
as suas portas na Rua Antão Girão, quando o reduzido trânsito automóvel ainda
por lá se processava. A nova e elegante loja tomou o nome da própria artéria e foi
então designada por “Casa Girão”.
As
casas comerciais são como os seres vivos, nascem, crescem e morrem. E foi isso
mesmo que aconteceu a esta loja de referência do comércio setubalense, já lá
vão alguns anos.
O
curioso é que a loja fechou, mas o que restava dos artigos para venda,
nomeadamente as peças de tecido, por lá ficaram e até a decoração da montra não
foi desfeita.
Até
hoje assim se encontra, como podemos observar espreitando pelas vidraças quase
opacas do pó acumulado ao longo de vários anos de encerramento.
Os
porcalhões que não gostam desta terra trataram de rabiscar tudo o que podiam
junto à antiga casa comercial, onde tantas senhoras e meninas setubalenses compraram
os tecidos com que se apresentaram elegantemente vestidas com modelos de
sugestivos figurinos de moda.
E
é no estado em que a imagem documenta que infelizmente se encontra este espaço que
foi uma casa de referência, em pleno coração de Setúbal, um coração que sangra
de tanta injustificada e impune agressão perpetrada por gente que de gente só
tem o nome.
Rui
Canas Gaspar
2017-janeiro-23
www.troineiro.blogspot.com
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