Já fui apresentado aos
amigos javalis da Arrábida
E
foi precisamente na zona do Creiro, local onde vários destes animais costumam
frequentar o restaurante e tomar banhos de sol que a montaria começou. Só que,
alguma fuga de informação, daquelas a que já estamos habituados ocorreu e os
javalis trataram de tirar um dia de férias, partindo para local incerto.
E
aquelas muitas autoridades que faziam parte da organização, mais os caçadores e
suas quatro matilhas de cães voltaram para casa e se quiseram comer algum naco
de presunto tiveram de o adquirir noutro qualquer lugar que não na Arrábida.
No
sábado, 21 deste mês de fevereiro de 2015 decidi levar o farnel e ir almoçar
para junto da Estação Arqueológica do Creiro. Pouco depois de estacionar o
carro no parque existente no meio da densa vegetação ouço um ruido de mato a
ser pisado e um grunhir bem
perto pelo que preparei a máquina fotográfica adivinhando quem me vinha dar as
boas-vindas.
Eram
quatro, mas como o meu pequeno companheiro tivesse feito mais ruido do que
devia dois deles fugiram disparados que nem flechas atravessando a via sem
olhar para a direita ou para a esquerda, enquanto os outros dois voltavam à
segurança da mata.
Já
tinha estado a observar os rastos pelas redondezas, dado tratar-se de animais
que se alimentam de raízes, frutas, insetos, pequenos animais, ervas e tubérculos,
daí que o solo se apresente remexido, como se tivesse sido lavrado.
É
claro que naquela zona, eles poderão ser um excelente auxiliar dos arqueólogos,
porquanto levantam pedaços de peças de argila um pouco por todo o lado.
Tínhamos
acabado de comer e metido no saco todos os nossos restos e mais alguma coisa
que alguém distraído por lá tinha deixado, quando ouvimos o restolhar no mato
deixando antever que tínhamos visitas. De facto eram eles, os quatro que
chegavam.
Fiquei
parado e disse ao meu pequeno companheiro para não se mexer e ficar junto à
grossa árvore, de forma a podermos refugiarmo-nos ali caso fosse necessário. Mas,
como o respeitinho é muito bonito, aquele que parecia ser o chefe, parou a meia
dúzia de metros, olhou-me fixamente durante algum tempo e eu fiz o mesmo com
ele e, pouco depois, passadas as apresentações lá se foram embora, sem que antes eu tivesse
registado o momento para a posteridade.
Este
foi o meu primeiro encontro com os javalis da Arrábida, os porcos selvagens,
porém respeitadores do espaço que cabe a cada um.
A
mesma sorte não tiveram aquelas duas moças que chegaram ao local e estacionaram
o seu smart no mesmo parque enquanto desciam à praia para tomar uma bebida no restaurante.
É que, passados poucos minutos, quando retornaram verificaram que o pequeno veículo
tinha sido assaltado e desaparecido a sua mala de viagem.
Afinal,
parece que mais perigoso que os porcos selvagens, a quem fui apresentado neste
dia, são aqueles outros que também andam
pela serra e que não tendo quatro patas, se nos descuidamos nos prejudicam mais
e estragam o dia que poderia ser de felicidade e alegria.
Rui
Canas Gaspar
2015-fevereiro-22
www.troineiro.blogspot.com
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