Em Azeitão a tradição é para manter
Como tudo
começou? Parece que ninguém sabe ao
certo.
Uns dizem que já
nos remotos tempos dos seus bisavós estes subiam a serra, a pé ou montados numa
mula para poderem ir assistir às cerimónias pascais levadas a cabo pelo monges
arrábidos no seu convento de Santa Maria, lá na vertente sul, onde o conjunto
de pequenas casinhas brancas rodeadas de verdes matagais, olham o deslumbrante
mar que se confunde com o céu azul.
Outros defendem
que a tradição foi originada para que os moradores locais pudessem palmilhar, pelos
sinuosos trilhos da serra, o mesmo caminho que os frades arrábidos percorriam quando se
vinham abastecer de víveres à vila.
E, há ainda
aqueles que afirmam que tudo começou com a necessidade dos chefes de família
irem abastecer-se do delicioso peixe fresco capturado naquelas águas pelos pescadores e comercializado no Portinho
da Arrábida, neste período de abstinência de carne.
Seja como for, o
facto é que a tradição se manteve ao longo dos anos e, curiosamente, ao contrário
do que se possa pensar, cada vez são mais aqueles que aderem a esta caminhada,
nem sempre fácil de levar a cabo.
Este ano de
2016, adivinha-se que mais uma vez largas centenas de azeitonenses e seus
amigos estão na disposição de fazer o atravessamento da serra, partindo
normalmente de Vila Nogueira de Azeitão e terminando a caminhada já no Portinho
da Arrábida, onde almoçarão.
Há um outro
grupo de veteranos conhecedores da serra-mãe que não irão de manhã com os
caminhantes. Eles sairão logo na quinta-feira, pela calada da noite e,
percorrendo sinuosos e escuros caminhos subirão a Arrábida. Depois, algures, em
local seu bem conhecido, montarão acampamento e aí pernoitarão, até que o os
raios do Sol matinal rompam por entre a densa vegetação e os acorde. É nessa altura que se colocarão de novo em
marcha até atingirem o seu objetivo: o Portinho
da Arrábida.
São velhos
escuteiros pertencentes a Unidades de Setúbal e de Azeitão que já há alguns
anos cumprem esta tradição, pretexto de excelente convívio entre pessoas que
aprenderam a dar valor e um diferente sentido à fraternidade.
Rui Canas Gaspar
2016-março-23
www.troineiro.blogspot.com
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