notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

 

As boas memórias que ficaram da “nossa” Comenda 


A minha ficha de escuteiro regista o ano de 1961 como sendo o do primeiro acampamento que fiz na Herdade da Comenda, no sítio de Almelão, a cerca de 1 km para o interior da foz da Ribeira da Ajuda.

Desde essa data até à minha saída do ativo escutista foram dezenas de noites de campo em acampamentos levados a cabo no interior da “nossa” Comenda.

É bom notar que já naquele tempo, antes da revolução da 25 de abril de 1974, o espaço encontrava-se vedado em grande parte da herdade e antes de acamparmos solicitávamos a devida autorização ao representante do proprietário.

Não me recordo do rosto do guarda da propriedade no tempo do Conde Armand, mas registei o nome de Chacatas ou Xacatas a quem geralmente dirigíamos o pedido de autorização para acampar debaixo daqueles enormes eucaliptos, na margem da ribeira e junto à mina de água.

Pouco antes da “Revolução dos Cravos” a herdade foi vendida à TORRALTA, que acabou por a entregar como dação em pagamento ao Banco Pinto & Sotto Mayor, que por sua vez vendeu a António Xavier de Lima. Após o seu falecimento  os herdeiros alienariam à Seven Properties – Sociedade de Investimentos Imobiliários S.A., atuais detentores desta enorme propriedade, em pleno Parque Natural da Arrábida.

Aquando na posse de António Xavier de Lima os escuteiros continuaram a acampar naquele magnifico espaço, que permitia as mais diferentes aventuras e a propriedade continuou a ser devidamente guardada desta vez por  António Chinita cuja imagem  aqui mostramos e onde também se podem ver alguns dos belos painéis de azulejos, rapidamente furtados e vandalizados quando este que foi o último guarda das instalações deixou de exercer a sua atividade.

Presentemente a casa apalaçada arquitetada por Raúl Lino encontra-se recuperada, a propriedade está a ser limpa e ordenada e, se alguns setubalenses e demais utentes daqueles espaços estão tristes por não os poderem agora utilizar, outros ficarão satisfeitos pela recuperação levada a cabo pelos novos proprietários.

Quanto a mim, ficaram as memórias do tempo de juventude e de muitos e bons momentos de salutar convívio e das histórias contadas à volta da fogueira, naquelas noites estreladas, como só as vivi na “nossa” Comenda.

Rui Canas Gaspar

Troineiro.blogspot.com

2021-outubro-29

Sem comentários:

Enviar um comentário