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sábado, 20 de novembro de 2021

 



 

Recordando o bombeiro José de Sousa

 

Embora estivéssemos em janeiro a manhã apresentava-se com uma amena temperatura, pelo que se tornava agradável andar um pouco pelo meu velho Bairro de Troino, depois de ter tratado dos assuntos de ordem profissional que me propus desenvolver nesta manhã.

 

Gosto de observar as gentes da minha terra, as casas onde muitos dos meus amigos e pessoas conhecidas viveram. Enquanto ia olhando um pouco para todo o lado dei comigo a sorrir com o pensamento que tinha tido há muitos anos quando me dei ao trabalho de contar as pessoas que tinha cumprimentado desde que saíra de casa até chegar à Praça do Bocage. Foram mais de trinta…

 

Naquele tempo parece que toda a gente se conhecia. Hoje, depois de mais de uma hora a andar parei junto de um dos cinco passos existentes em Setúbal, a capelinha dedicada a São Marçal, patrono dos bombeiros e até esse momento não tinha aparecido ninguém conhecido.

 

Estive a apreciar aquela capelinha, outrora sempre limpa e bem tratada e onde na época natalícia podíamos ver um grande e bem elaborado e tradicional presépio, que carinhosas e calejadas mãos tomavam à sua responsabilidade.

 

Vi, apreciei, fotografei e fiquei desgostoso com o ar triste a que a mesma se encontra, com vidro partido, reboco a cair, fios elétricos pendurados e um aspeto de abandono, condizente com muitas das habitações da zona da minha meninice.

 

Pensativo, deixo aquele local e entro na Rua Direita de Troino, e eis que me cruzo com um homem que vem andando devagar apoiado numa canadiana. Reconheço-o, cumprimento-o, é a primeira saudação do dia. Ele não me conhece, são quase quinze anos de diferença que nos separam, ele era já um homem enquanto eu não passava de um puto.

 

Paro e entabulo conversa com aquele homem que não me conhecia, embora a sua imagem me tivesse ficada retida na memória ao longo de décadas.

 

José de Sousa, 79 anos, nascido em Troino, na Rua do Castelo, bombeiro, era ele que tratava daquela capelinha até 2011, a sua saúde já não lhe permite desenvolver essa tarefa como outrora o fez com tanto carinho e empenhamento. O mesmo empenhamento que colocou ao serviço dos seus conterrâneos no combate a centenas de fogos na nossa terra.

Hoje o nosso amigo José de Sousa teve oportunidade de encontrar alguém com quem conversar uns minutos sobre um assunto que tanto lhe diz e ao referir-se àquela e à outra capelinha existente no Larga da Veronica, que também cuidava não deixa de se manifestar de forma verbal violenta contra um antigo presidente da Câmara que mandou arrancar os azulejos que ele próprio colocara naqueles espaços, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal.

 


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