A setubalense Praça do
Bocage pode vir a tornar-se na veneziana Praça de S. Marcos
Hoje,
da parte da tarde, tive oportunidade de observar o barco EVORA a ser abastecido
de água doce por um autotanque dos Bombeiros Voluntários de Setúbal.
Pela
manhã um outro camião cisterna tinha estado no cais a abastecer de combustível aquele
barco, que agora depois de feitas as necessárias limpezas e pinturas de fundo, está
apto para mais um vasto programa de cruzeiros no nosso rio azul.
Enquanto
observava os trabalhos de abastecimento, um velho homem do mar chamou-me a
atenção para o facto do barco já se encontrar com a cercadura de proteção fora
da muralha, sendo que a maré ainda não tinha atingido o seu máximo.
E
vaticinava aquele homem: - Não lhe dou mais que três anos para que o Sado não
entre pela terra dentro. Deixe vir as marés vivas e com o mar a subir como está,
vai ver!...
De
facto, o EVORA é um bom indicativo, é que o barco tem um lastro de algumas
toneladas. Hoje com os depósitos de água e de combustível atestados acrescentaram-se
mais outras tantas, e mesmo assim víamos a sua proteção acima da muralha.
Com peso a menos e maré mais cheia, por este andar ainda o vamos ver em cima do
cais nº 1...
De
facto, já este Inverno tive oportunidade de fotografar o Parque Urbano de
Albarquel, por ocasião das marés vivas, com um lençol de água onde não se
distinguia o rio da terra.
Com
as marés em crescendo de ano para ano, penso que é tempo dos responsáveis pela cidade,
seja a APSS e a C.M.S. começarem a tomar medidas urgentes no sentido de se
poder construir uma barreira de proteção à cidade de Setúbal, sob pena de a
curto prazo os prejuízos poderem vir a ser incalculáveis.
Verifica-se que em alguns locais ao longo da zona ribeirinha essa
proteção começa a estar contemplada, mas o facto é que o assunto tem de ser
encarado de frente e com caráter de urgência, porque o degelo continua, os oceanos
sobem, Setúbal está abaixo do nível do mar e mesmo para nós comuns mortais, que
nada temos de cientistas, vemos os resultados da ação da natureza.
Não
gostaria de ver a nossa Praça do Bocage transformada na Praça de S. Marcos, em
Veneza, onde a água por vezes já toma conta de todo o espaço.
Todas
as obras são bem-vindas, muito se tem feito, embora muito haja para fazer. Porém,
há projetos e projetos e este sobre o qual ainda nada ouvimos falar, provavelmente
se não for o mais importante será seguramente o mais urgente, sob pena dos
barcos a curto prazo virem fazer concorrência aos javalis que já se passeiam
pela Avenida Luísa Todi.
Rui
Canas Gaspar
2014-junho-12
www.troineiro.blogspot.com
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