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terça-feira, 10 de junho de 2014

O barco EVORA poderá deixar de ser visto no nosso Rio Sado.

Em 18 de julho de 1931, uma garrafa de champanhe era fortemente arremessada ao casco, de um novo barco, construído nas Estaleiros de Kiel, na Alemanha. D. Julieta Santos, tinha ido propositadamente de Portugal para esta cerimónia de apadrinhamento da nova embarcação.

O sólido barco, batizado com o nome de EVORA,  desceu para as frias águas do fiord,  para depois das necessárias provas de mar, encetar a longa viagem de seis dias e algumas horas, pelas águas do mar do norte, até entrar no nosso  Rio Tejo.

Fora construído para a CP com a finalidade de transportar os passageiros que chegavam de comboio ao Barreiro e tinham como destino a capital, tendo entrado oficialmente ao serviço daquela companhia ferroviária em 15 de novembro de 1931.

Detentor de várias características únicas no mundo, das quais foi pioneiro, o barco seria utilizado no transporte de passageiros até que pouco depois da revolução de 25 de abril de 1974 a CP prescindiria dos seus serviços.

Depois de vários anos acostado ao cais do Barreiro a CP decidiu desfazer-se do “Velho Senhor do Tejo” tendo-o então vendido à empresa TERTEJO. A nova proprietária anunciou na altura que tencionava utilizar a embarcação no serviço turístico. Porém nada foi feito nesse sentido e o barco acabou por ficar acostado a um cais no Montijo.

Em 10 de setembro de 1987 Carlos Tavares, sócio da empresa setubalense CATAMAR adquiriu o barco em estado deplorável, tratando então de o fazer rebocar para Setúbal.

Em 27 de setembro de 1988 o EVORA era registado na Capitania do Porto de Setúbal.

O barco foi totalmente reparado, recuperado e sofreu as necessárias alterações nos estaleiros da SADONAVAL, na Praia da saúde, de forma a poder ser utilizado nas atividades marítimo-turísticas no lindo estuário do Sado.

Alegrou as águas do nosso rio, voltou posteriormente durante algum tempo para operar no Tejo e de novo retornou a Setúbal. Nesse tempo serviu para filmagens, como restaurante, operou como navio de transbordo entre dois porta-aviões e a capital, fez cruzeiros e uma infinidade de tarefas.

A CATAMAR em 2 de julho de 2008 vendeu o barco à TURISBUILDING, embora esta empresa já o viesse a operar desde 2004.

O vetusto Barco EVORA tem uma história de vida bem interessante, descrita no livro de minha autoria BARCO EVORA – O velho senhor do Tejo, editada numa edição protótipo e na página www.barcoevora.blogspot.com

Neste dia 10 de junho de 2014, Dia de Portugal, fui visita-lo no cais nº 1, em Setúbal, onde se encontra acostado e notei que acabara de ser colocada uma tela, anunciando a sua venda.

É um novo ciclo de vida que se anuncia para o barco EVORA, nas mãos de novos proprietários.

Nos próximos meses ainda o poderemos ver no Sado, qual elegante cisne branco, sulcando as calmas águas nos muitos cruzeiros que já tem agendado para este final da Primavera e para todo o Verão.

Depois, logo se verá, se o EVORA ficará no Sado, se voltará ao Tejo ou se rumará a outras distantes paragens…

Rui Canas Gaspar

2014-junho-10

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