O barco EVORA poderá
deixar de ser visto no nosso Rio Sado.
Em
18 de julho de 1931, uma garrafa de champanhe era fortemente arremessada ao
casco, de um novo barco, construído nas Estaleiros de Kiel, na Alemanha. D.
Julieta Santos, tinha ido propositadamente de Portugal para esta cerimónia de
apadrinhamento da nova embarcação.
O
sólido barco, batizado com o nome de EVORA, desceu para as frias águas do fiord, para depois das necessárias provas de mar, encetar
a longa viagem de seis dias e algumas horas, pelas águas do mar do norte, até entrar
no nosso Rio Tejo.
Fora
construído para a CP com a finalidade de transportar os passageiros que
chegavam de comboio ao Barreiro e tinham como destino a capital, tendo entrado oficialmente
ao serviço daquela companhia ferroviária em 15 de novembro de 1931.
Detentor
de várias características únicas no mundo, das quais foi pioneiro, o barco
seria utilizado no transporte de passageiros até que pouco depois da revolução
de 25 de abril de 1974 a CP prescindiria dos seus serviços.
Depois
de vários anos acostado ao cais do Barreiro a CP decidiu desfazer-se do “Velho
Senhor do Tejo” tendo-o então vendido à empresa TERTEJO. A nova proprietária
anunciou na altura que tencionava utilizar a embarcação no serviço turístico. Porém
nada foi feito nesse sentido e o barco acabou por ficar acostado a um cais no
Montijo.
Em
10 de setembro de 1987 Carlos Tavares, sócio da empresa setubalense CATAMAR
adquiriu o barco em estado deplorável, tratando então de o fazer rebocar para
Setúbal.
Em
27 de setembro de 1988 o EVORA era registado na Capitania do Porto de Setúbal.
O
barco foi totalmente reparado, recuperado e sofreu as necessárias alterações
nos estaleiros da SADONAVAL, na Praia da saúde, de forma a poder ser utilizado
nas atividades marítimo-turísticas no lindo estuário do Sado.
Alegrou
as águas do nosso rio, voltou posteriormente durante algum tempo para operar no
Tejo e de novo retornou a Setúbal. Nesse tempo serviu para filmagens, como
restaurante, operou como navio de transbordo entre dois porta-aviões e a
capital, fez cruzeiros e uma infinidade de tarefas.
A
CATAMAR em 2 de julho de 2008 vendeu o barco à TURISBUILDING, embora esta
empresa já o viesse a operar desde 2004.
O
vetusto Barco EVORA tem uma história de vida bem interessante, descrita no
livro de minha autoria BARCO EVORA – O velho senhor do Tejo, editada numa
edição protótipo e na página www.barcoevora.blogspot.com
Neste
dia 10 de junho de 2014, Dia de Portugal, fui visita-lo no cais nº 1, em
Setúbal, onde se encontra acostado e notei que acabara de ser colocada uma
tela, anunciando a sua venda.
É
um novo ciclo de vida que se anuncia para o barco EVORA, nas mãos de novos
proprietários.
Nos
próximos meses ainda o poderemos ver no Sado, qual elegante cisne branco, sulcando
as calmas águas nos muitos cruzeiros que já tem agendado para este final da
Primavera e para todo o Verão.
Depois,
logo se verá, se o EVORA ficará no Sado, se voltará ao Tejo ou se rumará a
outras distantes paragens…
Rui
Canas Gaspar
2014-junho-10
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