Setúbal ainda não é a Arca
de Noé, mas…
Aquando
das recentes obras na zona histórica, ali para os lados da Rua Fran Paxeco, a
antiga Rua Direita de Troino, notícia que foi difundida pelos órgãos de
comunicação social dava conta de que uma cobra teria andado a passear por
aquela artéria da zona baixa da cidade.
Pela
descrição tratar-se-ia de uma cobra rateira, que não sendo má-língua, teria
vindo pelo Ribeiro do Livramento, que se encontra coberto e passa por ali bem
perto, na esperança de arranjar algum bom almoço, esquecendo-se que por cá não
há almoços grátis…
Como
a curiosa criatura encontrou uma abertura ao nível do solo, tratou logo de vir bisbilhotar
como paravam as modas na baixa da cidade.
Também
no ano passado tivemos conhecimento de que uns patos bravos, não daqueles que
constroem mamarrachos, mas dos outros que vivem calma e tranquilamente no
Parque do Bonfim, teriam vindo fazer o seu ninho na Escola Secundária de Sebastião
da Gama, antiga Escola Industrial e Comercial de Setúbal.
Desenganem-se
pois todos aqueles que pensam que ser pato bravo é sinónimo de ignorância, aqui
temos uma pata que decidiu dar uma boa formação técnica aos seus filhotes logo
desde que nasceram.
Mas,
porque se trata de mamarrachos, quem também teve curiosidade em observar bem de
perto o que seria isso que de vez em quando se constrói em Setúbal, foram os
porcos selvagens da Arrábida, os javalis, aqueles bichinhos que segundo consta
nas publicações oficiais do Parque Natural da Arrábida, já estão extintos na
serra-mãe.
Então,
um casal desses simpáticos porquinhos, provavelmente os batedores dos muitos
que abundam por aqueles lados, desceram até à cidade, fizeram uma inspeção às
obras em curso no Largo José Afonso, apreciaram o eficiente e muito utilizado
auditório a que alguns setubalenses apelidam de mamarracho ou pórtico da
Setenave e depois de um passeio higiénico pela Avenida Luísa Todi, lá voltaram
para casa.
A
caminho da serra ainda tiveram a oportunidade de acenar aos golfinhos que
nadavam no Sado e comentar o que tinham visto em Setúbal com as raposas que
procuravam comida ali junto aos contentores do lixo, no Bairro do Viso.
Agora
que Setúbal está mais bonita, coloca-se um novo problema. É que com tantos animais
a serem atraídos para esta terra que tão bem sabe receber os forasteiros, não
correremos o risco de serem eles a tomar conta dos nossos destinos?
Setúbal,
por enquanto, ainda não é a Arca de Noé, mas a continuar assim qualquer dia
estamos feitos, ou melhor dizendo, estamos entregues à bicharada.
Rui
Canas Gaspar
2014-junho-09
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