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sexta-feira, 10 de junho de 2016


ASA o golfinho voador

Teria nascido por volta de 1970 quando Troia fervilhava de atividade com a construção daquela que então estava anunciada como a futura capital turística da Europa e o Sado era atravessado diariamente por largas centenas de pessoas.

Cresceu no nosso rio, brincou com a sua comunidade, aprendeu a caçar e a conhecer o estuário como ninguém.

Naquele dia 7 de abril de 1999 na ansia de caçar umas corvinas ou apanhar alguns chocos para lhe comer apenas a cabeça, embrenhou-se por um dos braços do rio acabando na embaraçosa situação de não conseguir dali sair, devido ao seu enorme porte e à estreiteza do espaço.

Teve sorte!... Alguém o viu e deu o alarme.

Logo para o local seguiram os seus amigos humanos que o tentaram ajudar mas sem sucesso devido à delicadeza da situação.

Os salvadores perante a impotência decidiram então solicitar o apoio da Força Aérea Portuguesa que para ali enviou um helicóptero.

Um forte cabo foi lançado do aparelho e em terra os homens trataram de amarrar o melhor possível o animal que passado algum tempo era içado.

O golfinho portou-se muito bem ao sobrevoar os esteiros. Viu lá do alto as indústrias que de vez em quando lhe poluem as águas, admirou casas onde os seus amigos residem, observou as estradas por onde circulam em velozes carros e finalmente ficou com as areias finas e brancas de Troia à vista.

Aí a equipa de salvadores já o esperava. O helicóptero baixou e o ASA tocou de novo as águas do seu rio azul. E tão satisfeito ficou que não parava de bater com a cauda naquelas águas. É que golfinho não é animal voador!...

O ASA foi salvo e rapidamente correu a dar a notícia à sua comunidade que o acolheu com natural satisfação.

Em agosto de 2015 o golfinho voador, então patriarca da sua comunidade, morria no seu Rio Sado, local de tantas aventuras e histórias. Teria então uns 45 anos.

Em Setúbal gostamos de golfinhos e os golfinhos gostam de nós, por isso até as nossas crianças pintam algumas obras em sua homenagem as quais se encontram expostas junto à doca dos pescadores.

Mas, curioso também e alvo de frequentes comentários foi o voo que os dois “golfinhos” da desativada rotunda a que os setubalenses atribuíram o seu nome tenham mudado para outras paragens, mais a poente da Avenida Luisa Todi.

Curiosamente, agora constato que dos dois que existiam na Avenida Luísa Todi, apenas um lá está e, em contrapartida, aparece-nos um irmão gémeo, pintado de novo, como patriarca da comunidade dos “golfinho parade”.

Será que estamos em presença de uma nova história do ASA, o golfinho voador?

Rui Canas Gaspar
2016-junho-10

www.troineiro.blogspot.com

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