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sábado, 25 de outubro de 2014

O rapa-fundos do Rio Sado

Mais parecia uma bela manhã de Primavera do que um dia de Outono, o céu azul, o sol a incidir os seus raios no nosso lindo Rio Sado emprestavam-lhe uma maior beleza. Uma temperatura de 22 graus ajudava a formar o ambiente para que as centenas de pessoas que pude encontrar no Parque Natural da Arrábida pudessem desfrutar de um agradável sábado.

Acompanhado de um jovem amigo fomos fazer um raid fotográfico para as bandas do Casal da Ajuda, onde em tempos remotos, no século XVII existiu a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, uma paróquia rural que foi anexada em 1835 pela setubalense paróquia de Nossa Senhora da Anunciada. 

E foi junto às ruínas daquela Igreja, no que resta de um miradouro sobre o Sado, por baixo de uma pedra em forma de óculo inserida na fachada que pude observar o belo rio azul.

Porque a maré estava baixa, via-se nitidamente aquele rochedo, frente à Praia da Esguelha, o qual entre os pescadores é conhecido por “rapa-fundos”. Isto porque quando a maré está cheia a pedra não fica visível e foram muitas as embarcações que ali viram romper-se os seus cascos, algumas delas afundando-se.

Naqueles tempos longínquos era colocada uma candeia no tal óculo e desta forma era assinalado o perigo que se escondia junto à costa. Presentemente o local está devidamente identificado com um farolim junto ao perigoso rochedo.

Ao olhar para ali lembrei-me de uma amiga de longa data que navegando por aquelas bandas acabou por passar por cima da perigosa rocha rompendo o casco da embarcação onde navegava solitariamente.

Ao ver o barco meter água e não sabendo o que fazer, telefonou para o marido, um experiente navegador, que se encontrava em competição no outro lado do mundo e que lhe disse para de imediato colocar um pano em cima do rombo.
E foi assim que ela conseguiu diminuir o fluxo  de água na embarcação e chegar a terra sem problemas de maior.

Sorte diferente tiveram muitos outros pescadores e navegantes ao longo dos anos, pese embora o facto da candeia colocada por piedosas mãos naquele óculo.

O óculo que é das poucas pedras que restam intactas da que foi a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, uma das muitas construções em estado de abandono que podemos encontrar nos arredores desta terra setubalense.

Rui Canas Gaspar
2014-outubro-25
www.troineiro.blogspot.com

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