A guerra psicológica na
Guiné
Naturalmente
não partilhei esta experiencia nas crónicas da Guiné que então enviei para o
jornal “O Setubalense” por motivos óbvios.
Lá
bem longe, no meio do nada, em Bijene, na fronteira norte, onde uma pantanosa
bolanha separa o território da Guiné com o Senegal, naquela noite escura no
início dos anos setenta do século passado ouve-se o ruido de motor de um avião.
O
temor apossou-se de alguns de nós, dado que não tínhamos recebido qualquer
mensagem que indicasse a passagem de aeronaves, muito menos em voo noturno.
De
facto, escutamos o ruido do motor, mas o avião navegava, sem qualquer luz, pelo
que não conseguimos distinguir a sua identificação, verificando sim a bem
definida direção da Guiné para o sul do Senegal, região do Casamançe, onde
grupos guerrilheiros do P.A.I.G.C. se movimentavam com natural liberdade de movimentos.
É
claro que o avião desconhecido certamente teve alguma coisa a ver com este e
com muitos outros impressos iguais disseminados pelo território do Casamance.
Alguém
mesmo sem utilizar o poder de fogo das poderosas armas ao dispor do Exército
Português combatia o adversário utilizando armas diferentes, chamava-se a isto “guerra
psicológica”.
Os
anos passaram, a tecnologia evoluiu, mas hoje tal como ontem os métodos não
mudaram muito e se não aparece por aqui um avião desconhecido a enviar
panfletos propagandísticos, outros meios encontram-se ao dispor de várias
forças para disseminar a mentira ou a notícia de conveniência.
Rui
Canas Gaspar
2015-março-07
www.troineiro.blogspot.com
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