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domingo, 17 de setembro de 2017

Em Setúbal “só os burros não mudam” ou a arte em toda a parte. 

Esteve anunciado para o dia 23 de maio de 2014 pela Imocham e Câmara Municipal a inauguração de uma exposição cujas enormes fotografias chegaram a ser afixadas no alçado lateral do vetusto edifício onde estão sedeadas a Cruz Vermelha e a Sociedade Musical Capricho Setubalense. 

Se a exposição em si poderia ser pacífica, não faria porém qualquer sentido que as fotos fossem colocadas naquele espaço nobre da cidade, pelo que a contestação popular se fez sentir particularmente nas redes sociais. 

E como diz a expressão popular que só os burros não mudam, a Autarquia setubalense não quis fazer esse papel e poucos minutos antes da exposição ser inaugurada, já com os cartazes lá afixados, cancelou o evento, tendo então mandado retirar as fotos que viriam a ser transferidas para outro local, junto à Praia da Saúde. 

Vem esta memória a propósito de um outro evento que terá lugar hoje, domingo, dia 17 de setembro de 2017 o qual terá por cenário o bonito e muito concorrido Parque Urbano de Albarquel com a inauguração de uma peça decorativa publicitando uma garrafa de Coca-Cola. 

Se sou a favor e aplaudo todas as manifestações artísticas e representativas das mais diferentes sensibilidades de que Setúbal tem sido alvo, não posso concordar com esta iniciativa cujo objetivo não visa o embelezamento do espaço público mas sim a publicidade a um comum produto de consumo. 

Se o objetivo da marca fosse o agradecimento pelos seus 40 anos de presença no país então colocaria à disposição dos artistas a mesma verba despendida com a “garrafa” e davam a possibilidade que se escolhesse o tema para uma obra de arte, colocando depois ao lado da mesma uma placa identificativa e com o nome do mecenas, tal como fez a Imocham com o soberbo grafite do “Rapaz dos Pássaros”, por exemplo. 

Se com o “engodo” de obra de arte se está a fazer publicidade descaradamente a um produto, independentemente do gosto de cada um, ainda que essa publicidade não seja feita por intermédio de cartaz ou outro qualquer método habitual, então que ela pague, tal como todos os outros meios publicitários colocados na via pública e não seja alvo de qualquer reconhecimento ou agradecimento público. 

Esta é a minha opinião como setubalense e vale o que vale, deixando bem claro que sou completamente alheio ao aproveitamento político ou partidário que alguns amigos eventualmente possam vir a fazer desta lamentável situação. 

Rui Canas Gaspar

2017-setembro-17

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