Na passagem do ano em Setúbal
tínhamos de ter cuidado com os OVNIS
Há
cerca de meio século, em Setúbal, depois do dia de Natal era altura de consumir
as últimas filhoses e de arrumar nas respetivas prateleiras a louça então usada
nos festejos.
Era
no decurso dessa tarefa que se selecionava um ou outro prato com os bordos
falhados, um tacho de barro já gasto, ou outra qualquer peça de louça que pudesse
ser dispensável.
É
que o fim do ano estava à porta e logo que o relógio marcasse a meia-noite os vizinhos
do nosso Bairro de Troino vinham para a janela, ou para a porta de casa e, com as tampas dos
tachos e panelas faziam um ruidoso arraial.
Tudo
isto era acompanhado das tais peças de louça previamente selecionadas que voavam pelas janelas de forma a
partirem-se em mil pedaços ao baterem na calçada, porque ano novo seria também
sinonimo de maior prosperidade e, como
tal, de alguma peça de louça nova.
Devido
a este curioso hábito era então altura
de tomar todos os cuidados àquela hora da noite e, quem se aventurasse a andar
na rua durante estas ruidosas manifestações, sujeitava-se a chegar a casa de cabeça partida
devido a ser atingido com algum ovni (objeto voador não identificado).
Outros
hábitos, de uma época não muito distante quando o povo não ficava de cabeça
para o ar a ver o colorido e dispendioso fogo de artificio mas participava ativamente
nos festejos do qual se sentia parte integrante.
Rui
Canas Gaspar
2018-dezembro-26
Troineiro.blogspot.com
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