Só e abandonada à sua
sorte
Que
alegria eu dei quando era nova, e quantos ajudei a ultrapassar o obstáculo que
representava as águas tumultuosas que corriam sob o meu arco.
Os
anos passaram e eu continuei a servir fielmente não só os meus donos mas todos
aqueles que recorreram aos meus serviços.
O
tempo passou as produtivas quintas foram sendo paulatinamente abandonadas e por
arrastamento deixaram de me utilizar, abandonando-me à minha sorte.
Passados
tantos anos depois do meu nascimento aqui me encontro só e abandonada, às
portas da cidade que não parou de crescer.
A
linha de água ainda por cá está, chamavam-lhe Rio da Figueira, agora um
autêntico matagal a necessitar de limpeza.
Será
que embora velhinha eu não seria uma boa e agradável companhia para aqueles que
passeiam no jardim que faz parte integrante da urbanização do golfinho, um
espaço agora ocupado com muitos apartamentos erigidos no local onde os meus
antigos patrões tinham a sua quinta?
Rui
Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-maio-20
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