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segunda-feira, 20 de maio de 2019


Só e abandonada à sua sorte 

Que alegria eu dei quando era nova, e quantos ajudei a ultrapassar o obstáculo que representava as águas tumultuosas que corriam sob o meu arco. 

Os anos passaram e eu continuei a servir fielmente não só os meus donos mas todos aqueles que recorreram aos meus serviços. 

O tempo passou as produtivas quintas foram sendo paulatinamente abandonadas e por arrastamento deixaram de me utilizar, abandonando-me à minha sorte. 

Passados tantos anos depois do meu nascimento aqui me encontro só e abandonada, às portas da cidade que não parou de crescer. 

A linha de água ainda por cá está, chamavam-lhe Rio da Figueira, agora um autêntico matagal a necessitar de limpeza. 

Será que embora velhinha eu não seria uma boa e agradável companhia para aqueles que passeiam no jardim que faz parte integrante da urbanização do golfinho, um espaço agora ocupado com muitos apartamentos erigidos no local onde os meus antigos patrões tinham a sua quinta? 

Rui Canas Gaspar
Troineiro.blogspot.com
2019-maio-20

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