É necessário reativar o Balneário Dr. Paula Borba
Localizado
na Rua Balneário Dr. Paula Borba, frente à capela de Nossa Senhora dos Anjos,
Ordem Terceira de S. Francisco, em cujas instalações funciona o Agrupamento 62
do Corpo Nacional de Escutas, encontra-se o edifício do desativado Balneário
Dr. Paula Borba.
Este
antigo e funcional balneário, inaugurado em 20 de maio de 1926, chegou a ser
considerado pelo autor do projeto, Eng. Carlos Manitto Torres como “o melhor
balneário do país” instalações que na altura da sua inauguração não encontravam
paralelo, excetuando as existentes nas termas e nos hospitais da Universidade
de Coimbra e de Santo António, no Porto, embora menos modernas e equilibradas.
Não
foi fácil instalar esta unidade em Setúbal. O dinheiro proveio das mais
diversas fontes de financiamento, começando por uma subscrição pública entre os
habitantes da cidade tendo como objetivo fazer um monumento ao grande benemérito
Dr. Paula Borba, que não aceitou a homenagem e sugeriu que esse dinheiro fosse
aplicado num balneário a instalar no Hospital da Misericórdia.
Em
Setembro de 1917 teve inicio o processo de construção liderado pelo Dr.
Francisco Paula Borba, diretor-presidente da Associação de Beneficência da
Misericórdia de Setúbal.
Uma
Comissão foi constituída e uma subscrição pública foi lançada tendo como
objetivo conseguir a verba necessária. O dinheiro não abundava e o
empreendimento levaria quase uma década até ver a água correr nas suas modernas
cabines de duche.
Anos
mais tarde as instalações encerraram por um período de tempo necessário a
trabalhos de substituição de peças e materiais, melhoramentos de equipamentos e
modernização, voltando a reabrir em 1960, “agora em condições que representam um
notável melhoramento para a cidade” conforme noticiado pelo jornal O
SETUBALENSE de 7 de maio.
O
equipamento que tinha como objetivo a higiene da população, bem
como a dinamização de tratamentos hidroterápicos, viria a ter bastantes
utilizadores ao longo dos anos, não só setubalenses como também daqueles
estrangeiros, homens do mar, que aqui aportavam nos seus barcos vindos sobretudo
do norte da Europa.
Nos anos sessenta do século passado, eram ainda muitas
as habitações em Setúbal que não dispunham de instalações sanitárias e os
banhos eram geralmente tomados semanalmente de forma precária, na cozinha das
pequenas habitações, recorrendo-se a uma grande bacia de esmalte ou chapa
zincada.
Foi nessa época que conheci o balneário e a ele
comecei a recorrer frequentemente, lembrando-me bem o quão era agradável
aqueles deliciosos banhos de chuveiro, com água quente, um prazer que não podia
desfrutar nas casas onde a família habitou até à minha chegada da guerra de
África.
Presentemente a generalidade das casas, mesmo as
mais antigas, dispõem de espaço próprio para banho, embora outros novos problemas
se levantem à cidade, que entretanto conheceu um grande crescimento
populacional.
Pessoas sem-abrigo, turistas de mochila às costas,
setubalenses carenciados que vivem em quartos com acesso restrito a banhos
estão na linha da frente, a par de outros que dispondo dessas condições poderiam
gostar de usufruir de outro tipo de serviços que um moderno balneário poderia
prestar como por exemplo as cabines de sauna, hidroterapia, etc.
Com uma população residente na ordem das cento e
vinte mil pessoas, a cidade necessita de alguns serviços de apoio e este é
seguramente um deles.
Até pelo facto de já existirem as necessárias infraestruturas
edificadas, em minha opinião, deveria colocar-se de novo a funcionar o balneário
público setubalense, encerrado já há alguns anos.
Este não será assim um investimento tão dispendioso
perante a mais-valia que isto representa em termos de saúde pública e
oportunidade temporal, considerando por isso mesmo que se trata de um bem necessário
e urgente.
Rui Canas Gaspar
2014-abril-17
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