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quinta-feira, 17 de abril de 2014


É necessário reativar o Balneário Dr. Paula Borba

Localizado na Rua Balneário Dr. Paula Borba, frente à capela de Nossa Senhora dos Anjos, Ordem Terceira de S. Francisco, em cujas instalações funciona o Agrupamento 62 do Corpo Nacional de Escutas, encontra-se o edifício do desativado Balneário Dr. Paula Borba.

Este antigo e funcional balneário, inaugurado em 20 de maio de 1926, chegou a ser considerado pelo autor do projeto, Eng. Carlos Manitto Torres como “o melhor balneário do país” instalações que na altura da sua inauguração não encontravam paralelo, excetuando as existentes nas termas e nos hospitais da Universidade de Coimbra e de Santo António, no Porto, embora menos modernas e equilibradas.

Não foi fácil instalar esta unidade em Setúbal. O dinheiro proveio das mais diversas fontes de financiamento, começando por uma subscrição pública entre os habitantes da cidade tendo como objetivo fazer um monumento ao grande benemérito Dr. Paula Borba, que não aceitou a homenagem e sugeriu que esse dinheiro fosse aplicado num balneário a instalar no Hospital da Misericórdia.

Em Setembro de 1917 teve inicio o processo de construção liderado pelo Dr. Francisco Paula Borba, diretor-presidente da Associação de Beneficência da Misericórdia de Setúbal.

Uma Comissão foi constituída e uma subscrição pública foi lançada tendo como objetivo conseguir a verba necessária. O dinheiro não abundava e o empreendimento levaria quase uma década até ver a água correr nas suas modernas cabines de duche.

Anos mais tarde as instalações encerraram por um período de tempo necessário a trabalhos de substituição de peças e materiais, melhoramentos de equipamentos e modernização, voltando a reabrir em 1960, “agora em condições que representam um notável melhoramento para a cidade” conforme noticiado pelo jornal O SETUBALENSE de 7 de maio.

O equipamento que tinha como objetivo a higiene da população,  bem como a dinamização de tratamentos hidroterápicos, viria a ter bastantes utilizadores ao longo dos anos, não só setubalenses como também daqueles estrangeiros, homens do mar, que aqui aportavam nos seus barcos vindos sobretudo do norte da Europa.

Nos anos sessenta do século passado, eram ainda muitas as habitações em Setúbal que não dispunham de instalações sanitárias e os banhos eram geralmente tomados semanalmente de forma precária, na cozinha das pequenas habitações, recorrendo-se a uma grande bacia de esmalte ou chapa zincada.   

Foi nessa época que conheci o balneário e a ele comecei a recorrer frequentemente, lembrando-me bem o quão era agradável aqueles deliciosos banhos de chuveiro, com água quente, um prazer que não podia desfrutar nas casas onde a família habitou até à minha chegada da guerra de África.

Presentemente a generalidade das casas, mesmo as mais antigas, dispõem de espaço próprio para banho, embora outros novos problemas se levantem à cidade, que entretanto conheceu um grande crescimento populacional.

Pessoas sem-abrigo, turistas de mochila às costas, setubalenses carenciados que vivem em quartos com acesso restrito a banhos estão na linha da frente, a par de outros que dispondo dessas condições poderiam gostar de usufruir de outro tipo de serviços que um moderno balneário poderia prestar como por exemplo as cabines de sauna, hidroterapia, etc.

Com uma população residente na ordem das cento e vinte mil pessoas, a cidade necessita de alguns serviços de apoio e este é seguramente um deles.
Até pelo facto de já existirem as necessárias infraestruturas edificadas, em minha opinião, deveria colocar-se de novo a funcionar o balneário público setubalense, encerrado já há alguns anos.

Este não será assim um investimento tão dispendioso perante a mais-valia que isto representa em termos de saúde pública e oportunidade temporal, considerando por isso mesmo que se trata de um bem necessário e urgente.

Rui Canas Gaspar

2014-abril-17

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