O
elefante branco
De
branco tem a cor dos edifícios construídos, de elefante não tem a inteligência desse
animal, mas sim a monstruosidade da
asneira e do desbaratar dos dinheiros de todos nós a que se poderá acrescentar
a brutalidade de encargos diários para manter a estrutura entretanto construida.
Estou
a falar das instalações inacabadas destinadas à Casa Pia de Lisboa para acolher
algumas centenas de jovens em recém-construídos edifícios numa propriedade
anexa ao convento de S. Francisco, bem à saída de Setúbal a caminho do Forte de
S. Filipe.
Em
6 de março de 2000 a comunicação social anunciou o início da construção do mega
projeto social financiado pelo PIDDAC, uma obra orçada em dois milhões de
contos (cerca de dez milhões de euros) dos quais seriam de imediato desembolsados
800 mil contos para as obras de construção do Colégio da Casa Pia.
Seriam
edificados sete blocos de edifícios que receberiam cinco lares de alunos
internos. No local seria também construida uma escola de ensino profissional e
um espaço de ensino pré-primário e infantil. Proceder-se-ia à recuperação do
velho convento e tudo seria alindado com a construção de zonas verdes e de
lazer a que não faltaria uma piscina coberta.
Dispendiosos
muros de contenção de terras foram levantados, foi erguida uma enorme e altíssima
vedação em torno do amplo espaço, instalado todo o sistema de saneamento e construíram-se
cinco dos sete edifícios previstos.
E
quando tudo parecia estar prestes a concretizar-se e os jovens casa-pianos a
terem um novo lar eis que a Provedora da Casa Pia diz que o espaço se encontra
afastado do tecido social e urbano e que contraria as orientações técnico
pedagógicas e como tal as instalações não servem para aquele organismo.
As
obras pararam sem que fosse concluído o projeto e já depois de ali terem sido
gastos milhões de euros do erário público, passados tantos anos assim continuam
a consumir os parcos recursos do povo português, devido à necessária manutenção
do espaço.
O
“elefante branco” é colocado à venda, mas como este é um tipo de carne que não
se consome cá pelas nossas bandas, ninguém pegou nele. De dia para dia a
propriedade continua a desvalorizar, sem que os “competentes” gestores
financeiros lhe deem um outro diferente destino, que não seja acabarem por a
vender ao preço da uva mijona.
Quanto
aos “responsáveis” pela originalidade de um projeto que não servia para o fim
em vista isso nem se fala.
Infelizmente
em Portugal a culpa costuma morrer solteira quando falamos de pesos pesados,
sejam eles elefantes ou gorilas, é claro que se falássemos de franganitos há
muito que já teriam sido mortos, esfolados e consumidos.
Pobre
povo que se encontra à mercê deste tipo de incompetentes palradores que se dão ao luxo de fazer destas absurdas barbaridades
sem serem alvo de quaisquer consequências.
Rui
Canas Gaspar
2014-abril-13
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