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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Portugal poderá ser um gigante com pés de barro

O mau tempo que se abateu sobre Setúbal nestes últimos dias originou que o nosso habitual calmo Rio Sado, de linda cor azul, se mostrasse revoltoso e cinzento, ameaçando mesmo com as suas águas inundar algumas zonas ribeirinhas.

Por altura do preia-mar no Parque Urbano de Albarquel as águas, em alguns locais, inundaram o passeio à beira rio, chegando até ao jardim. Um pouco mais abaixo, na antiga estacada do carvão, onde está acostado o “EVORA” o rio não dava tréguas, tendo até devolvido à terra um grande tronco que veio certamente arrastado pela corrente.

O próprio “EVORA”, embora bem amarrado e acompanhado por uma equipa da tripulação não deixou de ficar sem um dos pneus que o protegem dos encostos com a muralha, pneu que ficaria preso num cabeço, em terra.

Dizem os homens do mar que cada vez notam as águas do Sado mais perto de transbordarem para terra e que não passarão mais meia dúzia de anos sem que isso se verifique.

A experiencia destas pessoas é concordante com o que afirmam os cientistas, quando anunciam que devido às alterações climáticas teremos que nos confrontar com a subida das águas do mar, com o consequente desaparecimento de ilhas e de algumas localidades ribeirinhas.

Sabido tudo isto, e observado com os nossos próprios olhos o que já está a acontecer, fico surpreendido quando constato que ao termos a oportunidade de ir minimizando os hipotéticos futuros estragos motivados pelas marés, não o fazemos.

Precisando o meu pensamento. Fiquei admiradíssimo e comentei na altura, sobre o porquê de ao se construir o bonito Parque Urbano de Albarquel, que obrigou a grandes movimentações de terras, não se ter logo executado o levantamento do passeio ribeirinho pelo menos mais um metro, defendendo aquela zona das inundações por vários anos.

As obras continuam à beira rio e ainda estamos a tempo (digo eu…) de se precaver alguma coisa no concernente a este problema, subindo a cota do terreno, agora que os custos são mínimos comparativamente com os que teremos de suportar, mais cedo ou mais tarde.

A ser aprovado pelas Nações Unidas a proposta de alargamento da nossa zona costeira, Portugal transformar-se-á no 11º maior território mundial, deixaremos de ser pequeninos e passaremos a ser um gigante e isto não é teoria, pode ser um facto a curto prazo.

O que me preocupa é que se isso for aprovado e se nem sequer conseguirmos resolver atempadamente os problemas que o mar nos vai colocando aqui à porta, não passaremos de um gigante de pés de barro e acreditem, se nós não fizermos o que nos compete alguém o fará por nós, com as naturais consequências…

Rui Canas Gaspar

2014-abril-02

1 comentário:

  1. Amigo Rui ainda bem que falou neste problema, que mais cedo ou mais tarde, acontecera.
    Ha anos que falo nisto e que todos me riem na cara. Infelizmente com o aquecimento global isto vai acontecer e se todos os paises com zonas ribeirinhas ja tiveram problemas, nos podemos dar graças a Troia e ha Serra se nao nos tivemos de deslocar de barco no centro historico...e depois nao venham dizer que o mar recuperou o que lhe tiraram...
    Seria inteligente que as autoridades se debruçassem sobre a questao e nao tivessem que lamentar mais tarde. Ja nao me sinto tao so a falar destas coisas. Obrigada.

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