Portugal poderá ser um
gigante com pés de barro
O
mau tempo que se abateu sobre Setúbal nestes últimos dias originou que o nosso
habitual calmo Rio Sado, de linda cor azul, se mostrasse revoltoso e cinzento,
ameaçando mesmo com as suas águas inundar algumas zonas ribeirinhas.
Por
altura do preia-mar no Parque Urbano de Albarquel as águas, em alguns locais,
inundaram o passeio à beira rio, chegando até ao jardim. Um pouco mais abaixo,
na antiga estacada do carvão, onde está acostado o “EVORA” o rio não dava
tréguas, tendo até devolvido à terra um grande tronco que veio certamente
arrastado pela corrente.
O
próprio “EVORA”, embora bem amarrado e acompanhado por uma equipa da tripulação
não deixou de ficar sem um dos pneus que o protegem dos encostos com a muralha,
pneu que ficaria preso num cabeço, em terra.
Dizem
os homens do mar que cada vez notam as águas do Sado mais perto de
transbordarem para terra e que não passarão mais meia dúzia de anos sem que
isso se verifique.
A
experiencia destas pessoas é concordante com o que afirmam os cientistas,
quando anunciam que devido às alterações climáticas teremos que nos confrontar
com a subida das águas do mar, com o consequente desaparecimento de ilhas e de
algumas localidades ribeirinhas.
Sabido
tudo isto, e observado com os nossos próprios olhos o que já está a acontecer,
fico surpreendido quando constato que ao termos a oportunidade de ir
minimizando os hipotéticos futuros estragos motivados pelas marés, não o
fazemos.
Precisando
o meu pensamento. Fiquei admiradíssimo e comentei na altura, sobre o porquê de
ao se construir o bonito Parque Urbano de Albarquel, que obrigou a grandes
movimentações de terras, não se ter logo executado o levantamento do passeio ribeirinho
pelo menos mais um metro, defendendo aquela zona das inundações por vários
anos.
As
obras continuam à beira rio e ainda estamos a tempo (digo eu…) de se precaver
alguma coisa no concernente a este problema, subindo a cota do terreno, agora
que os custos são mínimos comparativamente com os que teremos de suportar, mais
cedo ou mais tarde.
A
ser aprovado pelas Nações Unidas a proposta de alargamento da nossa zona
costeira, Portugal transformar-se-á no 11º maior território mundial, deixaremos
de ser pequeninos e passaremos a ser um gigante e isto não é teoria, pode ser
um facto a curto prazo.
O
que me preocupa é que se isso for aprovado e se nem sequer conseguirmos
resolver atempadamente os problemas que o mar nos vai colocando aqui à porta,
não passaremos de um gigante de pés de barro e acreditem, se nós não fizermos o
que nos compete alguém o fará por nós, com as naturais consequências…
Rui
Canas Gaspar
2014-abril-02
Amigo Rui ainda bem que falou neste problema, que mais cedo ou mais tarde, acontecera.
ResponderEliminarHa anos que falo nisto e que todos me riem na cara. Infelizmente com o aquecimento global isto vai acontecer e se todos os paises com zonas ribeirinhas ja tiveram problemas, nos podemos dar graças a Troia e ha Serra se nao nos tivemos de deslocar de barco no centro historico...e depois nao venham dizer que o mar recuperou o que lhe tiraram...
Seria inteligente que as autoridades se debruçassem sobre a questao e nao tivessem que lamentar mais tarde. Ja nao me sinto tao so a falar destas coisas. Obrigada.