O quadro que não pode ser
retirado
A
moldura encontra-se dependurada sobressaindo o desenho que um talentoso artista
setubalense um dia rabiscou, gravando ali a imagem do dono daquele espaço, uma
outra não menos talentosa e bem conhecida figura da nossa terra.
Muitos
dos mais antigos setubalenses reconhecerão aqui a imagem de Francisco Finura, o
operário especializado em trabalhos não especializados. Provavelmente não serão
assim tantos que reconhecerão o traço do pintor Rogério Chora, ele próprio o
autor deste trabalho, embora não o tivesse assinado.
Se
por acaso desejar comprar este quadro não o poderá fazer é que ao contrário do
que possa imaginar não terá força suficiente para o carregar.
O
desenho foi feito diretamente na parede da oficina/fábrica de Francisco Finura
e a moldura destina-se a isso mesmo, a circunscrever o espaço onde Rogério
Chora gravou a imagem daquele popular setubalense. Um homem que já não se
encontra entre nós e ainda sem direito a ver o seu nome numa qualquer artéria
da cidade que o viu nascer.
Francisco
Finura não foi um homem qualquer, foi um setubalense ímpar, independentemente
dos seus muitos ofícios, dos seus mais variados talentos, tão usados e
abusados, foi uma figura emblemática desta cidade.
Mas,
mais do que isso, ele foi um herói, um homem que salvou algumas dezenas de
vidas resgatando-as das águas, o que lhe valeu ser condecorado pelo Instituto
de Socorros a Náufragos e, só por esse facto, já merecia ser lembrado pelos seus
conterrâneos.
Sendo
assim, e porque o quadro não pode sair da sua oficina, localizada num largo
ainda sem nome, algures na Quinta Alves da Silva, que a Autarquia dele se possa
lembrar, atribuindo àquele espaço o nome de um homem que serviu a cidade de uma
forma como poucos o fizeram.
Rui
Canas Gaspar
2015-maio-17
www.troineiro.blogspot.com
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