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segunda-feira, 7 de outubro de 2019


Obra de amor continua coberta por telas publicitárias 

Foi uma hora o tempo que despendi ontem para fazer  os quatro quilómetros de perímetro no futuro Parque Verde da Várzea, a fazer fé no relógio e na aplicação sobre saúde do meu telemóvel, responsável por esta informação. 

Aproveitei esta agradável caminhada  para observar com algum pormenor o que por ali já se fez e continua a fazer e não deixei de ir junto às telas publicitárias que envolvem o Mirante da Quinta da Azeda, para ver com os meus próprios olhos que aquela peça histórica ainda ali se encontra, devidamente escorada por fortes e bem travadas peças de andaime. 

Mais uma vez sorri ao ler texto da mensagem publicitária ao banco promotor que reza assim: “Juntos pela preservação da nossa História” e também mais uma vez pensei, pensei, mas não cheguei a qualquer conclusão. 

É que, qualquer coisa não bate certo. A palavra “juntos” remete-nos para uma qualquer parceria que neste caso como que a querer dizer que quer fazer tudo para “preservação da nossa História”.  Subentendendo-se que o banco e a Autarquia quererão manter e recuperar aquela que é uma das primeiras construções em betão armado erigidas em Portugal. 

Porém, até hoje não ouvi da boca de um dos responsáveis autárquicos algo que indicie que estão a fazer um esforço para que a peça (apresentada em tempos como o emblema do PUV) seja para recuperar, ao invés disso apresentam-nos um projeto de réplica, mal parida, destinada a ser construída e implantada algures no futuro parque. 

Gostaria de pensar que as contrapartidas  (e não devem ser pequenas) que se recebem do banco pela enorme publicidade, em lugar de grande destaque, estará a ir para um fundo de reserva que terá como objetivo a recuperação deste belo exemplar arquitetónico que um dia um agricultor setubalense mandou erigir por amor a uma mulher. 

Mas, será que haverá sensibilidade e sobretudo vontade para manter esta peça exposta em toda a sua beleza numa antiga cidade tão carenciada de apontamentos arquitetónicos de relevo? 

É que pode ser caro, mas o dinheiro quando se quer sempre se arranja e depois, será que não temos já por aí algum mealheiro com o dinheiro pago pelo banco que está a usufruir da publicidade inserida naquele espaço? 

São interrogações para as quais não tenho resposta, mas que gostaria de as ter. 

Rui Canas Gaspar
2019-outubro-06
Troineiro.blogspot.com

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