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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Será que temos em Setúbal publicidade sexual romanizada?

Há alguns anos tive oportunidade de visitar as ruínas romanas da grande cidade de Éfeso, localizada na Asia Menor, na costa ocidental da atual Turquia tendo retido na minha memória alguns aspetos curiosos dessa visita.

Se para algumas pessoas Éfeso é desconhecida, para os cristãos ela é, pelo menos de nome, bem familiar graças ao apóstolo Paulo que teria escrito, quando estava preso em Roma, uma carta dirigida aos habitantes daquela cidade e também por ali ter sido, noutra ocasião, alvo de perseguição por pregar o cristianismo.

Durante o período romano, esta era a segunda maior cidade do seu vasto império, com uma população de 250.000 pessoas, ou seja mais do dobro da que temos na cidade de Setúbal.

No centro daquela grande cidade existia um teatro com capacidade para 25.000 pessoas sentadas e em seu redor ainda hoje podemos encontrar as ruínas de várias construções, destacando-se a Biblioteca Publica; os sanitários públicos, onde curiosamente os romanos se podiam sentar e conversar enquanto se aliviavam sem se preocuparem com a “privacidade”  e também ali bem perto também existia o bordel.

Como naqueles tempos os habitantes de Éfeso não tinham o “cartão de cidadão” e para que ao prostíbulo não tivessem acesso os menores, trataram de publicitar convenientemente o local, marcando-o com uma pequena pegada. Quem tivesse o pé maior que a pegada podia entrar, sinal de que era crescido. Um critério mais ou menos subjetivo, ou seja: se fosse adulto de pé pequeno ficava à porta ou rapaz pezudo, entrava. Digo eu…

Todas estas memórias de viagem vieram-me à mente a propósito de ter sido confrontado, em Setúbal, com uma curiosa decoração que não consegui apurar se foi efetuada no âmbito do programa de voluntariado “Setúbal mais Bonita”, atendendo às pinturas nos prédios degradados ali também existentes, se uma forma de chamar a atenção para a placa de sinalização de uma sex shop que existe ou teria existido na zona.

Também pode acontecer que aqueles sete pares de sapatos e botas de tenis pintalgados tenham sido colocados ali no alto, à entrada da Travessa das Amoreiras, nem no âmbito do tal programa, nem tão pouco para chamar a atenção para a tal placa identificativa, mas sim por outro qualquer insondável motivo artístico.

A nossa cidade tem os mais diversos tipos de interesses e penso que, por isso mesmo, começa a ser oportuno pensar em novos e mais variados circuitos promocionais antes da chegada dos turistas.

No nosso Bairro de Troino a par de um sem número destes pontos dignos de nota, agora temos mais este raro exemplar de decoração urbana! Ou será que estamos em presença de uma imitação modernizada da publicidade sexual dos romanos de Éfeso?

Rui Canas Gaspar

2014-janeiro-10

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