Será que temos em Setúbal
publicidade sexual romanizada?
Há
alguns anos tive oportunidade de visitar as ruínas romanas da grande cidade de Éfeso,
localizada na Asia Menor, na costa ocidental da atual Turquia tendo retido na
minha memória alguns aspetos curiosos dessa visita.
Se
para algumas pessoas Éfeso é desconhecida, para os cristãos ela é, pelo menos de
nome, bem familiar graças ao apóstolo Paulo que teria escrito, quando estava
preso em Roma, uma carta dirigida aos habitantes daquela cidade e também por
ali ter sido, noutra ocasião, alvo de perseguição por pregar o cristianismo.
Durante
o período romano, esta era a segunda maior cidade do seu vasto império, com uma
população de 250.000 pessoas, ou seja mais do dobro da que temos na cidade de
Setúbal.
No
centro daquela grande cidade existia um teatro com capacidade para 25.000
pessoas sentadas e em seu redor ainda hoje podemos encontrar as ruínas de várias
construções, destacando-se a Biblioteca Publica; os sanitários públicos, onde
curiosamente os romanos se podiam sentar e conversar enquanto se aliviavam sem se
preocuparem com a “privacidade” e também ali bem perto também
existia o bordel.
Como
naqueles tempos os habitantes de Éfeso não tinham o “cartão de cidadão” e para
que ao prostíbulo não tivessem acesso os menores, trataram de publicitar
convenientemente o local, marcando-o com uma pequena pegada. Quem tivesse o pé
maior que a pegada podia entrar, sinal de que era crescido. Um critério mais ou
menos subjetivo, ou seja: se fosse adulto de pé pequeno ficava à porta ou rapaz
pezudo, entrava. Digo eu…
Todas
estas memórias de viagem vieram-me à mente a propósito de ter sido confrontado,
em Setúbal, com uma curiosa decoração que não consegui apurar se foi efetuada no
âmbito do programa de voluntariado “Setúbal mais Bonita”, atendendo às pinturas
nos prédios degradados ali também existentes, se uma forma de chamar a atenção
para a placa de sinalização de uma sex shop que existe ou teria existido na
zona.
Também
pode acontecer que aqueles sete pares de sapatos e botas de tenis pintalgados tenham sido
colocados ali no alto, à entrada da Travessa das Amoreiras, nem no âmbito do
tal programa, nem tão pouco para chamar a atenção para a tal placa
identificativa, mas sim por outro qualquer insondável motivo artístico.
A
nossa cidade tem os mais diversos tipos de interesses e penso que, por isso
mesmo, começa a ser oportuno pensar em novos e mais variados circuitos promocionais
antes da chegada dos turistas.
No
nosso Bairro de Troino a par de um sem número destes pontos dignos de nota,
agora temos mais este raro exemplar de decoração urbana! Ou será que estamos em
presença de uma imitação modernizada da publicidade sexual dos romanos de Éfeso?
Rui Canas Gaspar
2014-janeiro-10
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