Desapareceu mais um
monumento em Setúbal
No
dia 8 de julho de 1886 Hans Christian Andersen o escritor dinamarquês mundialmente
conhecido devido às suas célebres histórias infantis, chegou a Setúbal onde acabou
por passar de um mês de férias, tendo tido então oportunidade de conhecer a cidade e seus pitorescos
arredores, tendo-lhe até sido facultada a possibilidade de conhecer os areais
de Troia e a verdejante Arrábida.
O
escritor teve ainda o ensejo de conhecer outros locais desta pequena mas
diversificada nação e, a opinião que formulou sobre a mesma, poderá resumir-se
neste pequeno verso que escreveu no livrinho da família O’Neill, sua anfitriã:
“Lá
no plano Norte verdejante,
Recordando
todas as impressões vividas
Para
Setúbal voará o pensamento distante
Para
junto de todas as pessoas queridas”.
Certo
dia um açoriano de nascimento, mas setubalense de coração, Manuel Medeiros,
dono da Livraria CULSETE, decidiu honrar o escritor, não com uma estátua mas
com um monumento vivo, um abeto da Noruega.
E
assim apareceu na Avenida Luísa Todi, quase em frente ao coreto, um bonito
canteiro, com um abeto. Ali poderia ler-se numa placa: “Abeto plantado em
homenagem a Hans Christian Andersen, Câmara Municipal de Setúbal, Comissões
Nacionais da UNESCO de Portugal e Dinamarca, Livraria CULSETE. Outubro de 1998.
Numa
outra placa: “Plantei em Setúbal um pequeno abeto nórdico. Quando crescer o
vento Norte ao abaná-lo com o seu sopro ai deixará uma saudação da Escandinávia
distante” H. Andersen, uma visita a Portugal em 1866 – Cap. IV
Aquando
das obras de renovação da Avenida Luísa Todi, no âmbito do POLIS é construído
um quiosque quase em cima do canteiro, retirando ao local toda a dignidade e
quase anunciando a sua morte devido à movimentação de pessoas e coisas
praticamente em cima da pequena e bela árvore.
Esta
decisão de localização do quiosque, desprovida de qualquer sentido estético e
denotando o maior desrespeito por este monumento vivo, constituiu o princípio
do fim.
E
foi o que hoje dia 9 de setembro de 2014, com tristeza e com vergonha constatei
que aquele monumento vivo, ali colocado
por verdadeiros setubalenses de coração ou de nascimento tinha sucumbido, no
seu lugar estava apenas o pouco que resta do seu forte tronco, capaz de suportar
os ventos frios do Norte, mas não a força da ganância.
Veio-me
então à mente aquela frase célebre de um velho e sábio índio Cree: “Só quando a
última árvore tiver morrido, o último rio tiver sido envenenado, o último peixe
tiver sido pescado é que descobriremos que não podemos comer o dinheiro”.
Rui
Canas Gaspar
2014-setembro-09
www.troineiro.blogspot.com
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