Há profissionais e outros
que falam com eles…
Há
obras bem feitas e naturalmente são de aplaudir, outras são de tal forma
aberrantes que não lembra a ninguém que elas tivessem sido alguma vez construídas.
As
coisas no papel por vezes são bem diferentes daquilo que vão surgir no terreno
e se os decisores não tiverem o mínimo de conhecimento técnico de forma a poder
interpretar o que os arquitetos lhes apresentam aprovarão qualquer boneco que
lhes ponham à frente.
Os
gostos não se discutem e como tal o que é bonito para mim pode ser horrível para
outros, mas há uma coisa que se discute é a utilidade das coisas e,
naturalmente, o seu custo.
Há
anos que ando a matutar neste assunto e gostaria que alguém me conseguisse
convencer da mais-valia arquitetónica de terem construído um muro entre o Largo
de Jesus e a Avenida 22 de Dezembro, cerceando a vista daquele espaço e sobretudo
gostaria de perguntar ao autor desse projeto qual foi a ideia de colocar uma
fonte decorativa num local do largo onde não seria vista por praticamente
ninguém.
E
foi precisamente nesta fonte decorativa com mais de dois metros de altura e,
que aposto que a maioria dos setubalenses nunca a viram, mesmo aqueles que
passam frequentemente pelo Largo de Jesus, que eu fui mais uma vez esta semana “meter
a cabeça”.
Um
trabalho onde se utilizaram materiais nobres, nomeadamente o granito polido, é
um espaço onde a água já não corre e onde a beleza do granito foi substituído pelas
borradelas de alguns a quem o dinheiro é fácil de conseguir para a compra de
tintas.
Mas,
os anos já vividos em múltiplas experiencias
já não me permitem deixar de admirar com muito pouco. Por isso, não estranhei
ter de habituar o meu olfato ao nauseabundo pivete a urina que emanava daquele
local, onde em tempos de inauguração esteve uma fonte decorativa.
Valeu
nesta incursão pelo vetusto e emblemático largo, verificar com agrado a beleza do
alçado principal de um dos seus edifícios recuperados, com uma excelente
apresentação exterior, que não acredito tenha saído do mesmo atelier de
arquitetura.
Como
em todas as profissões existem os profissionais e os outros que falam com eles
e convencem-se por isso que também o são. O pior é que também esses nos vão aos
bolsos…
Rui
Canas Gaspar
2014-setembro-07
www.troineiro.blogspot.com
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