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domingo, 7 de setembro de 2014

Há profissionais e outros que falam com eles…

Há obras bem feitas e naturalmente são de aplaudir, outras são de tal forma aberrantes que não lembra a ninguém que elas tivessem sido alguma vez construídas.

As coisas no papel por vezes são bem diferentes daquilo que vão surgir no terreno e se os decisores não tiverem o mínimo de conhecimento técnico de forma a poder interpretar o que os arquitetos lhes apresentam aprovarão qualquer boneco que lhes ponham à frente.

Os gostos não se discutem e como tal o que é bonito para mim pode ser horrível para outros, mas há uma coisa que se discute é a utilidade das coisas e, naturalmente, o seu custo.

Há anos que ando a matutar neste assunto e gostaria que alguém me conseguisse convencer da mais-valia arquitetónica de terem construído um muro entre o Largo de Jesus e a Avenida 22 de Dezembro, cerceando a vista daquele espaço e sobretudo gostaria de perguntar ao autor desse projeto qual foi a ideia de colocar uma fonte decorativa num local do largo onde não seria vista por praticamente ninguém.

E foi precisamente nesta fonte decorativa com mais de dois metros de altura e, que aposto que a maioria dos setubalenses nunca a viram, mesmo aqueles que passam frequentemente pelo Largo de Jesus, que eu fui mais uma vez esta semana “meter a cabeça”.

Um trabalho onde se utilizaram materiais nobres, nomeadamente o granito polido, é um espaço onde a água já não corre e onde a beleza do granito foi substituído pelas borradelas de alguns a quem o dinheiro é fácil de conseguir para a compra de tintas.

Mas, os anos já vividos  em múltiplas experiencias já não me permitem deixar de admirar com muito pouco. Por isso, não estranhei ter de habituar o meu olfato ao nauseabundo pivete a urina que emanava daquele local, onde em tempos de inauguração esteve uma fonte decorativa.

Valeu nesta incursão pelo vetusto e emblemático largo, verificar com agrado a beleza do alçado principal de um dos seus edifícios recuperados, com uma excelente apresentação exterior, que não acredito tenha saído do mesmo atelier de arquitetura.

Como em todas as profissões existem os profissionais e os outros que falam com eles e convencem-se por isso que também o são. O pior é que também esses nos vão aos bolsos…


Rui Canas Gaspar
2014-setembro-07

www.troineiro.blogspot.com

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