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sábado, 13 de setembro de 2014

Em Setúbal, foi declarada “guerra” à Quinta de Prostes ?

Em 1942 a Grande Guerra generalizava-se entre vários países do mundo ceifando milhões de vidas, enquanto o pequeno Portugal, a mais antiga nação do continente europeu mantinha-se neutro e em paz.

As fábricas de conservas de peixe setubalenses não davam mãos a medir produzindo os alimentos enlatados que ajudavam a mitigar a fome a muitos dos combatentes de ambos os lados do conflito.

Muito dinheiro se ganhou em Setúbal nessa época, também conhecida em terras sadinas pelo “tempo do volfrâmio”.

Com as fortunas conseguidas foram então feitas algumas belas casas, quer no campo quer na cidade, por aqueles que dominavam o mundo dos negócios.

Agosto de 1942 foi um mês negro para o Brasil que viu serem afundados pelos submarinos alemães seis dos seus barcos da marinha mercante em apenas dois dias, morrendo 600 pessoas, o que levou aquela nação lusófona a declarar guerra às potências do Eixo, no último dia desse mês. 

Nesse mesmo dia, no outro lado do Atlântico, nos arredores de Setúbal certamente seria um dia de festa. Na Quinta de Prostes o seu proprietário assinalava a data em que inaugurava novas instalações, embelezando a sua produtiva quinta.

Junto à sua enorme casa tinha construído um generoso tanque que não só servia para as lavagens como de reservatório de água, embora o precioso líquido não faltasse nas suas boas terras agrícolas, da melhor qualidade.

As instalações dos animais domésticos estavam bem cuidadas, tal como o restante espaço que não estava estritamente adstrito à atividade agrícola e onde plantou algumas espécies de plantas exóticas que embelezavam o local, dotado de um pequeno caminho devidamente calcetado.

A quinta passou então a ter uma construção emblemática, edificada mesmo em frente ao seu portão de entrada, o seu pombal, onde as aves rapidamente se acostumaram e até hoje, já depois da propriedade ter ficado abandonada e em ruinas, ainda por lá nidificam.

E é esta quinta, uma das outrora produtivas unidades agrícolas da fértil Várzea de Setúbal, que está a conhecer os seus últimos dias, devido à construção da avenida que vai passar pelos seus terrenos destruindo o que resta da outrora agradável propriedade.

Naquele distante dia 31 de agosto de 1942 a Quinta de Prostes conheceu um dia festivo onde não faltaram os pombos a entrar e sair do seu novo pombal, um espaço que hoje, passados mais de setenta anos, ao que parece, tem os seus dias contados, não devido aos torpedos dos submarinos alemães mas sim às potentes máquinas utilizadas na construção de novas vias urbanas.

Rui Canas Gaspar
2014-setembro-13

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