Mais um atentado ao
património setubalense
Convém
desde já esclarecer que nada tenho contra ou a favor da fé de cada um,
reconhecendo a cada indivíduo o direito de adorar quem, onde e como o desejar,
pelo que este, para mim, é um assunto fora de questão.
Também
acho que os espaços públicos citadinos devem ser locais de sã convivência entre
todos os cidadãos, sendo que essa convivência passa pela harmonia
arquitetónica, pelo cuidado dos espaços verdes, pela higiene que se deve
desfrutar e pela preservação dos seus monumentos.
Hoje,
11 de setembro de 2014, fui surpreendido por mais um atentado perpetrado a um
dos nossos monumentos setubalenses, aquele que homenageia o poeta Olavo Bilac e
que se encontra exposto na Praça do Brasil desde 16 de setembro de 1965.
Alguém,
certamente bastante devoto do Padre Cruz, um sacerdote católico nascido em
Alcochete no ano de 1859 que dedicou a sua vida a orar, pregar e a abençoar,
sobretudo os seus irmãos mais pobres e humildes, decidiu pintar uma imagem do
dito padre na parte traseira do busto de Olavo Bilac.
Incompreensivelmente
o novo local de culto foi decorado com florinhas artificiais a envolver a
pintura e até as pedras da calçada não escaparam aos dotes do “artista”.
Que
eu dê conta, já o segundo “altar” existente na zona, sendo que pelo tipo de pintura
ambos da autoria da mesma pessoa. O outro fica nas traseiras do Centro
Comercial do Bonfim, na parede do depósito de gás.
Vim
a apurar que a nova pintura já ali se encontra há cerca de um mês e hoje mesmo deslocaram-se
ao local dois funcionários da Autarquia para verificar o monumento e proceder à
sua reparação. Nada fizeram porque quem lhes passou a informação não deu
pormenores e como tal os operários pertenciam ao departamento de serralharia e
quem lá deve ir é alguém do setor de pintura ou anti-grafitagem.
A
Autarquia Sadina gasta milhares de euros no combate à praga de grafites, tendo
uma carrinha e equipa própria que utiliza dispendiosos produtos apropriados
para limpeza dos espaços públicos. Enquanto isso verifica-se a total impunidade
com que se movem os indivíduos que não respeitando nada nem ninguém vão
deteriorando os espaços coletivos em total desrespeito pela sã convivência entre
cidadãos.
E
esta nova pintura, num monumento público, feita aqui sem qualquer sentido de
oportunidade em nada dignifica quem a fez, ainda que tenha sido executada pelos
mais piedosos motivos. Digo eu…
Rui
Canas Gaspar
2014-setembro-11
www.troineiro.blogspot.com
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