Setúbal uma terra promissora
Ao longo das últimas décadas
verifica-se que Setúbal tem sido uma terra onde muito se fez mas também de “muita
parra e pouca uva” ou seja, uma terra onde a par do desenvolvimento industrial,
grandes projetos ficaram na gaveta, projetos que provavelmente seriam
estruturantes para o nosso desenvolvimento enquanto região.
Fez no sábado, no dia 14 deste
mês de novembro de 2015, 66 anos que foi aprovada uma Portaria pela qual o
Ministro das Comunicações nomeava uma comissão presidida pelo Administrador
Geral do Porto de Lisboa, para estudar a possibilidade de criação de uma ou
mais zonas francas neste porto, situação que foi alargada ao Porto de Setúbal
em 21 de abril de 1950.
Pouco tempo depois, em junho de
1952 a comissão concluiu pela conveniência do estabelecimento de zonas francas
nos portos de Lisboa e Setúbal situação que foi viabilizada através da Portaria
de 17 de março de 1954.
Nesta altura voltava a prever-se
novamente, a abertura do canal ligando o rio Tejo com o rio Sado.
Se estes projetos de
desenvolvimento tivessem avançado provavelmente Setúbal teria sido um
importante destino turístico. Porém, depois de muito dinheiro gasto em estudos e
mais estudos nada avançou. Embora nesse ano de 1949 tivesse sido publicado o Guia de Setúbal
(Turismo, indústria e comércio) no qual já se vislumbrava um pré-projeto turístico
para a região.
Nos anos sessenta, início dos
anos setenta do século XX, conheceríamos um novo tipo de industrialização com a
implantação de várias fábricas de montagem de automóveis, de grandes estaleiros
navais, e da fábrica de pasta de papel de entre outros importantes projetos.
Na área do turismo avançou o importante
projeto da Torralta que previa a construção de uma cidade turística em Troia. O
importante projeto da Tetra, na zona do Pote d’Água, acabou por ser
reconvertido para um bairro para habitação e a Comenda de Mouguelas foi um projeto da
Torralta e posteriormente de Xavier de Lima que não chegou a sair do papel.
A revolução de 25 de abril de
1974 viria a alterar muitos dos projetos em curso e passados alguns anos
assistiu-se a outro tipo de desenvolvimento com a construção de duas novas
autoestradas entre Lisboa e Setúbal bem como eletrificação de uma linha férrea e
a construção de outra.
Novas indústrias vieram sediar-se
aqui sendo a mais importante a Autoeuropa e empresas satélites a par do
desenvolvimento e modernização da Portucel.
O Porto de Setúbal ganhou mais
dinamismo e hoje apresenta-se como ponta de lança em diversas áreas
operacionais, sendo um fator de desenvolvimento e progresso.
Resta agora ganharmos a última
batalha do desenvolvimento, tornando Setúbal, uma referência turística, sabendo
todos nós que a região é dotada de condições naturais ímpares ombreando com o
que de mais belo existe em todo o mundo.
Independentemente do que os
governantes possam ou não fazer, compete-nos também a nós simples cidadãos ser
parte ativa deste desenvolvimento e se não pudermos construir bairros e
fábricas, se não tivermos a possibilidade de decidir a construção de novas
avenidas ou de marinas, pois que ao menos possamos cuidar dos nossos jardins,
da limpeza das nossas ruas, da pintura das nossas casas.
Tenho para mim que se cada um
fizer um bocadinho seguramente que muito de bom poderemos ver e já lá dizia
Baden-Powell: “procuremos deixar este
mundo um pouco melhor do que o encontramos”.
Rui Canas Gaspar
2015-novembro-18
www.troineiro.blogspot.com
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