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quinta-feira, 12 de junho de 2014

A setubalense Praça do Bocage pode vir a tornar-se na veneziana Praça de S. Marcos

Hoje, da parte da tarde, tive oportunidade de observar o barco EVORA a ser abastecido de água doce por um autotanque dos Bombeiros Voluntários de Setúbal.

Pela manhã um outro camião cisterna tinha estado no cais a abastecer de combustível aquele barco, que agora depois de feitas as necessárias limpezas e pinturas de fundo, está apto para mais um vasto programa de cruzeiros no nosso rio azul.

Enquanto observava os trabalhos de abastecimento, um velho homem do mar chamou-me a atenção para o facto do barco já se encontrar com a cercadura de proteção fora da muralha, sendo que a maré ainda não tinha atingido o seu máximo.

E vaticinava aquele homem: - Não lhe dou mais que três anos para que o Sado não entre pela terra dentro. Deixe vir as marés vivas e com o mar a subir como está, vai ver!...

De facto, o EVORA é um bom indicativo, é que o barco tem um lastro de algumas toneladas. Hoje com os depósitos de água e de combustível atestados acrescentaram-se mais outras tantas, e mesmo assim víamos a sua proteção acima da muralha. Com peso a menos e maré mais cheia, por este andar ainda o vamos ver em cima do cais nº 1...

De facto, já este Inverno tive oportunidade de fotografar o Parque Urbano de Albarquel, por ocasião das marés vivas, com um lençol de água onde não se distinguia o rio da terra.

Com as marés em crescendo de ano para ano, penso que é tempo dos responsáveis pela cidade, seja a APSS e a C.M.S. começarem a tomar medidas urgentes no sentido de se poder construir uma barreira de proteção à cidade de Setúbal, sob pena de a curto prazo os prejuízos poderem vir a ser incalculáveis.

Verifica-se que em alguns locais ao longo da zona ribeirinha essa proteção começa a estar contemplada, mas o facto é que o assunto tem de ser encarado de frente e com caráter de urgência, porque o degelo continua, os oceanos sobem, Setúbal está abaixo do nível do mar e mesmo para nós comuns mortais, que nada temos de cientistas, vemos os resultados da ação da natureza.

Não gostaria de ver a nossa Praça do Bocage transformada na Praça de S. Marcos, em Veneza, onde a água por vezes já toma conta de todo o espaço.

Todas as obras são bem-vindas, muito se tem feito, embora muito haja para fazer. Porém, há projetos e projetos e este sobre o qual ainda nada ouvimos falar, provavelmente se não for o mais importante será seguramente o mais urgente, sob pena dos barcos a curto prazo virem fazer concorrência aos javalis que já se passeiam pela Avenida Luísa Todi.

Rui Canas Gaspar
2014-junho-12

www.troineiro.blogspot.com

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