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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Setúbal ainda não é a Arca de Noé, mas…

Aquando das recentes obras na zona histórica, ali para os lados da Rua Fran Paxeco, a antiga Rua Direita de Troino, notícia que foi difundida pelos órgãos de comunicação social dava conta de que uma cobra teria andado a passear por aquela artéria da zona baixa da cidade.

Pela descrição tratar-se-ia de uma cobra rateira, que não sendo má-língua, teria vindo pelo Ribeiro do Livramento, que se encontra coberto e passa por ali bem perto, na esperança de arranjar algum bom almoço, esquecendo-se que por cá não há almoços grátis…

Como a curiosa criatura encontrou uma abertura ao nível do solo, tratou logo de vir bisbilhotar como paravam as modas na baixa da cidade.

Também no ano passado tivemos conhecimento de que uns patos bravos, não daqueles que constroem mamarrachos, mas dos outros que vivem calma e tranquilamente no Parque do Bonfim, teriam vindo fazer o seu ninho na Escola Secundária de Sebastião da Gama, antiga Escola Industrial e Comercial de Setúbal.

Desenganem-se pois todos aqueles que pensam que ser pato bravo é sinónimo de ignorância, aqui temos uma pata que decidiu dar uma boa formação técnica aos seus filhotes logo desde que nasceram.

Mas, porque se trata de mamarrachos, quem também teve curiosidade em observar bem de perto o que seria isso que de vez em quando se constrói em Setúbal, foram os porcos selvagens da Arrábida, os javalis, aqueles bichinhos que segundo consta nas publicações oficiais do Parque Natural da Arrábida, já estão extintos na serra-mãe.

Então, um casal desses simpáticos porquinhos, provavelmente os batedores dos muitos que abundam por aqueles lados, desceram até à cidade, fizeram uma inspeção às obras em curso no Largo José Afonso, apreciaram o eficiente e muito utilizado auditório a que alguns setubalenses apelidam de mamarracho ou pórtico da Setenave e depois de um passeio higiénico pela Avenida Luísa Todi, lá voltaram para casa.

A caminho da serra ainda tiveram a oportunidade de acenar aos golfinhos que nadavam no Sado e comentar o que tinham visto em Setúbal com as raposas que procuravam comida ali junto aos contentores do lixo, no Bairro do Viso.

Agora que Setúbal está mais bonita, coloca-se um novo problema. É que com tantos animais a serem atraídos para esta terra que tão bem sabe receber os forasteiros, não correremos o risco de serem eles a tomar conta dos nossos destinos?

Setúbal, por enquanto, ainda não é a Arca de Noé, mas a continuar assim qualquer dia estamos feitos, ou melhor dizendo, estamos entregues à bicharada.

Rui Canas Gaspar

2014-junho-09

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