Carros despistados vão “enfeitando”
o
Parque Natural da Arrábida
Tal
como muitos setubalenses, e não só, também eu gosto muito de passear pela
Arrábida e de desfrutar de todos os seus mistérios e encontros inesperados.
Com
frequência ali vou e também frequentemente sou surpreendido por algo de novo,
ou por alguma coisa que noutras idas me tinha passado despercebido.
Hoje,
por exemplo, fui “meter a cabeça” na pequena “gruta da pulga” assim a batizamos
já lá vão uns cinquenta anos, quando depois de uma caminhada desde Setúbal e
não encontrando espaço adequado para montar a tenda onde iria pernoitar com
mais os dois companheiros, decidimos pernoitar naquela gruta, junta à berma da
estrada.
No
dia seguinte quando acordamos, estávamos cheios de comichão e todos picados. Os
animais selvagens também por ali se acoitavam e com eles vinham os
incomodativos parasitas, que ao apanharem carninha fresca trataram de fazer um
banquete durante a noite.
E
foi assim que aqueles três jovens escuteiros batizariam o local como a gruta da
pulga e das várias vezes que posteriormente por lá passamos informávamos os
nossos companheiros para nem se aproximarem de lá.
Ora
bem perto do mesmo local está a carcaça de um automóvel que se despistou e foi
ribanceira abaixo a qual continua a poluir, pelo menos visualmente, aquele
magnifico local.
E
isto é que me deu para pensar sobre o porquê do Parque Natural da Arrábida,
sempre tão rápido a resolver umas coisas não tem a mesma celeridade para
resolver outras.
É
que se me disserem que retirar a carcaça do autocarro que se encontra a dois ou
três quilometros para nascente é difícil, estou de acordo, mas o automóvel visível
da berma da estrada a uma dúzia de metros da mesma e sem mato a impedir, não
brinquemos!…
A
comunicação social já veiculou a notícia de que a AMRS vai voltar à carga com a
candidatura da Arrábida a patrimonio mundial, muito bem! Mas será que é com a
mesma política de proibição e multa para quem apanhar uns medronhos ou um
raminho de alecrim e deixando as pedreiras a laborar, o trânsito caótico, mal
chegando um dia de calor e com os carros que se despistam, como o caso deste, a
enfeitar a serra, que se consegue o tal galardão?
Pode
ser que sim. Mas cá por mim duvido!
Rui
Canas Gaspar
2014-maio-18
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