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domingo, 18 de maio de 2014

Carros despistados vão “enfeitando” o
Parque Natural da Arrábida

Tal como muitos setubalenses, e não só, também eu gosto muito de passear pela Arrábida e de desfrutar de todos os seus mistérios e encontros inesperados.

Com frequência ali vou e também frequentemente sou surpreendido por algo de novo, ou por alguma coisa que noutras idas me tinha passado despercebido.

Hoje, por exemplo, fui “meter a cabeça” na pequena “gruta da pulga” assim a batizamos já lá vão uns cinquenta anos, quando depois de uma caminhada desde Setúbal e não encontrando espaço adequado para montar a tenda onde iria pernoitar com mais os dois companheiros, decidimos pernoitar naquela gruta, junta à berma da estrada.

No dia seguinte quando acordamos, estávamos cheios de comichão e todos picados. Os animais selvagens também por ali se acoitavam e com eles vinham os incomodativos parasitas, que ao apanharem carninha fresca trataram de fazer um banquete durante a noite.

E foi assim que aqueles três jovens escuteiros batizariam o local como a gruta da pulga e das várias vezes que posteriormente por lá passamos informávamos os nossos companheiros para nem se aproximarem de lá.

Ora bem perto do mesmo local está a carcaça de um automóvel que se despistou e foi ribanceira abaixo a qual continua a poluir, pelo menos visualmente, aquele magnifico local.

E isto é que me deu para pensar sobre o porquê do Parque Natural da Arrábida, sempre tão rápido a resolver umas coisas não tem a mesma celeridade para resolver outras.

É que se me disserem que retirar a carcaça do autocarro que se encontra a dois ou três quilometros para nascente é difícil, estou de acordo, mas o automóvel visível da berma da estrada a uma dúzia de metros da mesma e sem mato a impedir, não brinquemos!…

A comunicação social já veiculou a notícia de que a AMRS vai voltar à carga com a candidatura da Arrábida a patrimonio mundial, muito bem! Mas será que é com a mesma política de proibição e multa para quem apanhar uns medronhos ou um raminho de alecrim e deixando as pedreiras a laborar, o trânsito caótico, mal chegando um dia de calor e com os carros que se despistam, como o caso deste, a enfeitar a serra, que se consegue o tal galardão?

Pode ser que sim. Mas cá por mim duvido!

Rui Canas Gaspar

2014-maio-18

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