VOTOS EM SETÚBAL
Acessibilidades dificultadas
Não
vou comentar aqui os resultados gerais, nacionais ou locais das Eleições
Europeias, nem sequer debruçar-me sobre a retumbante vitória do Dr. Marinho Pinto que escolheu o
Partido da Terra para se apresentar a sufrágio.
Não
vou aqui falar sobre a pesada derrota da coligação Aliança Portugal, o pacto
dos partidos PSD e CDS, que se encontram a governar o país já lá vão três anos
com os resultados de todos conhecidos.
Também
não vou abordar o facto de ter existido no domingo a maior abstenção de sempre
em Portugal, a qual se cifrou na ordem dos 65% e, entre os emigrantes, foram para cima dos 98% os
que não votaram.
Muito
menos vou tecer alguma consideração sobre esses portugueses, que estando a
residir no estrangeiro, muitos deles em países da União Europeia, ao não
votarem entregaram a decisão do seu futuro a terceiros, nomeadamente aos partidos
extremistas que defendem a sua expulsão desses mesmos países.
Cada
um exerceu livremente o seu arbítrio segundo a sua própria consciência e os
resultados estão aí, por toda a Europa. Vão governar aqueles que tiveram mais
votos expressos, podendo acontecer que até nem sejam os melhores.
Mas,
já lá dizia um grande estadista norte-americano Abraham Lincolm: “ Só tem o
direito de criticar aquele que teve a coragem de ajudar a construir”. Ora sendo
assim, quem se absteve de ir votar não construiu coisa nenhuma, deixou aos
outros que votaram a decisão da escolha e como tal terá de se sujeitar, sem ter
autoridade moral para elevar a sua voz.
Mas,
como disse, não é sobre este assunto que me quero debruçar mas sim sobre outro
bem mais simplista, ou seja, o acesso a algumas mesas de voto em Setúbal.
Estive
presente em três espaços; Um onde fui votar e nos outros dois como acompanhante
e, curiosamente, há situações que poderiam ser evitadas, como por exemplo, as mesas
de voto no Tribunal de Família, onde o acesso ao interior do edifício se faz
por escadas exteriores, desprovidas de rampa ou simples corrimão.
Ali
assisti a uma senhora que com a ajuda de uma bengala, subiu e desceu a custo,
lamentando o facto de não haver um simples corrimão para a ajudar. A questão
que se põe é se não haveria na zona outro edifício de acesso direto. Claro que
há!
O
segundo caso passou-se nos Paços do Concelho onde as urnas foram colocadas no
primeiro andar. Uma outra senhora chegou à porta e quando soube que tinha de
subir e porque a sua saúde não o permitia, encarou a hipótese de não votar. Alguém
lhe disse que ao fundo do corredor havia um elevador de acesso ao primeiro
andar e foi graças a esse recurso que conseguiu chegar à sua mesa de voto.
Interrogo-me
eu, primeiro andar porquê? Se há espaço no r/c…
Curiosamente
também tive oportunidade de reparar que nas três assembleias de voto onde
estive apenas e só vi chegaram pessoas de cabelo branco (ou pintado) gente
jovem não vislumbrei nem uma, é claro que devem ter ido votar alguns jovens,
porque nem todos foram assistir aos concertos em Lisboa, no Parque da Bela
Vista, ou a banhos para as belas praias setubalenses.
Se
a questão das acessibilidades se pode resolver com alguma facilidade o mesmo
não vai ser tão fácil com as mentalidades.
Por isso, e porque eleições parece que está a ser um assunto de velhos,
o melhor é os senhores responsáveis por este pelouro começarem a pensar nas
acessibilidades para as próximas, porque se os velhotes não puderem subir as
escadas “torta vai ela”…
Rui
Canas Gaspar
2014-maio-26
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