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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Nos anos 70 houve muito movimento entre Setúbal e Troia e hoje?

Antes de acontecer a revolução de 25 de abril de 1974, mais concretamente no ano de 1971, quando muitos jovens setubalenses combatiam na Guerra Colonial, nas matas africanas de Angola, Moçambique e Guiné, por cá muita gente atravessava o Sado não só para ir a banhos, mas sobretudo deslocando-se para o complexo turístico que ali estava a desenvolver a TORRALTA.

Para se ter uma ideia do elevado volume de tráfego fluvial levando passageiros de uma para a outra margem do Sado atente-se nestes números de pessoas que utilizaram as carreiras de barcos convencionais e dos outros, tipo hovercraft.

Passageiros transportados em 1971:

-  Embarcações do tipo convencional    769 740
- Embarcações do tipo hovercraft         113 128
- Total de passageiros transportados entre as duas margens 882 868

Passados pouco mais de 40 anos seguramente que os números são incomparavelmente inferiores, embora muito se tenha construído na margem sul do nosso Rio Azul.

Deixamos de ver os barcos, no final da semana, repletos de setubalenses que iam usufruir das águas oceânicas que beijam as brancas areias da Costa da Galé, do Bico das Lulas e do Sado frente à sua terra natal.

Deixamos de ver as largas centenas de trabalhadores que diariamente cruzavam o rio para ir transformar aquela península na propalada capital do turismo europeu.

Deixamos de ver, mais de 40 anos depois, as bonitas ruas, jardins, praças  e cuidados edifícios da “cidade” turística repleta de gente, deste e de outros países.

Deixamos de ver os novos e modernos barcos repletos de pessoas e viaturas como outrora acontecia diariamente.

Deixamos sobretudo de ver ação e dinamismo, de forma a inverter este tipo de situação.

Deixamos de ver tanta coisa, acabando por me convencer, que como os anos não perdoam, terei de ir ao oftalmologista, porque afinal sou eu que não estou a ver bem este triste espetáculo…

Mas com óculos novos ou não, gostaria de ver o nosso belo Rio Azul com os grandes barcos que aqui chegam para carregar e descarregar mercadorias. 

Gostava de ver os pequenos botes pescando no nosso farto Sado, calma e tranquilamente sem a pressão fiscalizadora das autoridades marítimas.

Gostava de ver as empresas turístico-marítimas a operarem nas nossas águas azuis sem os pesados encargos que incidem sobre as mesmas e que não as tornam concorrenciais.

Gostava que deixassem os pescadores amadores que em cima das nossas muralhas tentam capturar alguns peixinhos para o almoço sem as multas absurdas que lhes são aplicadas ou a penalização de terem de ir varrer as ruas da cidade.

Gostava tanto de ver a minha bonita Setúbal, agora que começa a estar devolvida ao rio que se transformasse de vez na mais maravilhosa cidade portuguesa…

Tenho a esperança que isso venha a acontecer com a ação conjugada da Administração Portuária e da Autarquia Sadina, independentemente das suas cores políticas, procurando em conjunto resolver devidamente os assuntos dos setubalenses, ao invés de trabalharem de costas voltadas como durante décadas aconteceu, com os nefastos resultados que se conhecem.

Rui Canas Gaspar

2014-maio-05

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