Nos anos 70 houve muito
movimento entre Setúbal e Troia e hoje?
Antes
de acontecer a revolução de 25 de abril de 1974, mais concretamente no ano de
1971, quando muitos jovens setubalenses combatiam na Guerra Colonial, nas matas africanas de Angola,
Moçambique e Guiné, por cá muita gente atravessava o Sado não só para ir a
banhos, mas sobretudo deslocando-se para o complexo turístico que ali estava a
desenvolver a TORRALTA.
Para
se ter uma ideia do elevado volume de tráfego fluvial levando passageiros de
uma para a outra margem do Sado atente-se nestes números de pessoas que
utilizaram as carreiras de barcos convencionais e dos outros, tipo hovercraft.
Passageiros
transportados em 1971:
- Embarcações do tipo convencional 769 740
-
Embarcações do tipo hovercraft 113
128
-
Total de passageiros transportados entre as duas margens 882 868
Passados
pouco mais de 40 anos seguramente que os números são incomparavelmente
inferiores, embora muito se tenha construído na margem sul do nosso Rio Azul.
Deixamos
de ver os barcos, no final da semana, repletos de setubalenses que iam usufruir
das águas oceânicas que beijam as brancas areias da Costa da Galé, do Bico das
Lulas e do Sado frente à sua terra natal.
Deixamos
de ver as largas centenas de trabalhadores que diariamente cruzavam o rio para
ir transformar aquela península na propalada capital do turismo europeu.
Deixamos
de ver, mais de 40 anos depois, as bonitas ruas, jardins, praças e cuidados edifícios da “cidade” turística repleta
de gente, deste e de outros países.
Deixamos
de ver os novos e modernos barcos repletos de pessoas e viaturas como outrora
acontecia diariamente.
Deixamos
sobretudo de ver ação e dinamismo, de forma a inverter este tipo de situação.
Deixamos
de ver tanta coisa, acabando por me convencer, que como os anos não perdoam, terei
de ir ao oftalmologista, porque afinal sou eu que não estou a ver bem este
triste espetáculo…
Mas
com óculos novos ou não, gostaria de ver o nosso belo Rio Azul com os grandes
barcos que aqui chegam para carregar e descarregar mercadorias.
Gostava
de ver os pequenos botes pescando no nosso farto Sado, calma e tranquilamente
sem a pressão fiscalizadora das autoridades marítimas.
Gostava
de ver as empresas turístico-marítimas a operarem nas nossas águas azuis sem os
pesados encargos que incidem sobre as mesmas e que não as tornam
concorrenciais.
Gostava
que deixassem os pescadores amadores que em cima das nossas muralhas tentam
capturar alguns peixinhos para o almoço sem as multas absurdas que lhes são
aplicadas ou a penalização de terem de ir varrer as ruas da cidade.
Gostava
tanto de ver a minha bonita Setúbal, agora que começa a estar devolvida ao rio que
se transformasse de vez na mais maravilhosa cidade portuguesa…
Tenho
a esperança que isso venha a acontecer com a ação conjugada da Administração
Portuária e da Autarquia Sadina, independentemente das suas cores políticas, procurando
em conjunto resolver devidamente os assuntos dos setubalenses, ao invés de
trabalharem de costas voltadas como durante décadas aconteceu, com os nefastos
resultados que se conhecem.
Rui
Canas Gaspar
2014-maio-05
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