Até quando teremos
travessia fluvial para Troia?
A
atual conjuntura económica, o assoreamento da margem norte do Sado, aumentando o
volume de areia do lado de cá, as melhorias introduzidas na zona ribeirinha de
Setúbal, os ventos de norte e nordeste que tornam a margem sul menos abrigada, são
fatores que influenciam a população setubalense a não atravessar o rio.
A
aquisição dos novos quatro barcos da Atlantic Ferries representaram um
investimento substancial que, naturalmente, seria amortizado e rentabilizado se
o país estivesse numa situação estável economicamente, o que não tem acontecido
nos últimos anos.
O
fator económico, aliado aos outros focados acima, levaram a um decréscimo
acentuado no volume de viaturas e passageiros transportados, logo a uma
diminuição das receitas, que naturalmente se transformaram em prejuízo para a
empresa detentora da exploração da travessia do Sado.
Ora
como sabemos todas as empresas são criadas para dar lucro e não prejuízo e se
isso acontecer sistematicamente apenas lhes resta uma solução, aquela que passa
pelo seu encerramento.
Antes
dessa solução drástica acontecer certamente que os gestores tomarão todo o tipo
de medidas, por vezes nem sempre as mais acertadas, porém serão aquelas que
lhes parecem melhor.
E
foi assim que, porque as receitas eram insuficientes, se aumentou o preço dos
bilhetes, o que levou muitos automobilistas a optar por dar a volta por Alcácer
do Sal, diminuindo ainda mais o volume de viaturas transportadas.
Quanto
aos veraneantes, porque o dinheiro não abunda e porque as zonas balneares do
lado norte estão agora mais amplas indo na maré baixa desde o cais nº1 até à
Comenda, também deixaram de ir para Troia.
Porque
há menos movimento na época baixa então encosta-se metade da frota e aumenta-se
o espaço dos horários, com a consequente perca de qualidade. É assim como a
pescadinha de rabo na boca…
Se
a tudo isto juntarmos os maiores custos de combustível inerentes a uma viagem mais
longa do ferrie, que viu o seu cais de atracação na margem sul ser deslocado
para montante para permitir maior qualidade ambiental à desertificada zona de
moradias da marina de Troia, então temos todos os ingredientes para que a coisa
não dê certa.
Sendo
assim, e pensando um pouco sobre o assunto, acho eu, enquanto leigo na matéria,
que mais cedo ou mais tarde, apenas um ferrie estará a prestar serviços
mínimos, atravessando o Sado e atracando no antigo cais, levando pessoas e
viaturas, com menores custos de combustível. Isto enquanto a empresa não
encerrar por falta de rentabilidade económica.
É
claro que isto é o que eu acho, e de achismos está o mundo cheio, vamos ver pois
até quando teremos travessia fluvial para Troia.
Rui
Canas Gaspar
2014-outubro-18
www.troineiro.blogspot.com
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