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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Preservemos o pouco que temos para mostrar


Este Verão esteve em Setúbal, durante alguns dias, alojado numa unidade hoteleira local, um casal amigo de nacionalidade norte-americana.

Durante a sua estadia em Portugal, este casal teve oportunidade de conhecer um pouco de todo o nosso país, mostrando-se maravilhado com o que aqui viu. Mas, foi particularmente  a Região de Setúbal que mais rasgados elogios mereceu.

O casal percorreu as Avenidas, ruas e vielas da nossa cidade, visitou alguns monumentos religiosos e percorreu a zona envolvente da cidade do rio azul, tendo saboreado, como não podia deixar de ser, a nossa saborosa gastronomia.

Conheciam vários países europeus mas, sem favor, não tiveram pejo em afirmar que país como este e região como a de Setúbal merecia a sua preferência, pelo que recomendavam.

Hoje, na Avenida Luísa Todi, junto às Águas do Sado, um casal que se deslocava numa viatura de matricula portuguesa, chamou-me para pedir orientação. Tratava-se de um casal de turistas brasileiros que desejavam saber qual o trajeto para Évora.

Como era manhã cedo, claro que aproveitei, para elucidar os turistas ao mesmo tempo que lhes questionava se já conheciam Setúbal. A simpática senhora respondeu que esta era uma cidade moderna, ao que eu respondi que se tratava de uma localidade com mais de mil anos. O automobilista franziu a testa e respondeu: - Não parece! O que vimos aqui parece-nos construção recente…  

Na curta conversa que encetamos o casal partilhou que tinha visto um pouco das ruas estreitas e bonitas (apontando para o Largo da Palmeira/Fonte Nova) graças a um senhor que encontraram e que por acaso era funcionário da Câmara Municipal.

Depois das despedidas, dei comigo a pensar na diferença que existe entre Évora, uma cidade com um património histórico bem preservado e Setúbal, uma cidade milenar que pouco de histórico tem para mostrar a quem nos visita.

Mais uma vez me veio à mente o muito discutido miradouro da Estrada dos Ciprestes e a necessidade de o preservar.

Que o pouco que temos e que mostra alguma coisa da evolução desta cidade ao longo dos séculos possa ser resguardado e destacado de modo a que possamos apresentar aos nossos vindouros e aos que nos visitam alguns marcos daqueles outros setubalenses que nos precederam nesta antiga terra cada vez mais envolta de vestes modernistas.

Rui Canas Gaspar
2014-outubro-17

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