Olhando para as gaivotas
sabe de que lado sopra a brisa?
Depois
de nos termos deliciado com o saboroso peixe fresco da nossa costa, comido ali
bem perto da Doca dos Pescadores, meu pai, meu irmão e eu fomos dar uma pequena
volta por aquele local de tantas lembranças para o nosso pai, um velho pescador
nascido e criado no velho bairro de Troino.
A
zona do antigo cais do carvão, onde o EVORA se encontra atracado, está agora
mais atraente e funcional depois das obras de melhoramento levadas a cabo pela
APSS e foi até ali ao cais nº 1 que nos deslocamos para ver a entrada dos
barcos na sua doca.
Meu
pai olhando para o “cisne branco do Sado” comentou: “- O EVORA não está de
nível, tem a proa mais levantada…” o olho clínico do velho homem do mar reparou
naquele pormenor que passava despercebido à generalidade daqueles que por ali
andam diariamente.
Meu
irmão olhou para mim, num olhar cúmplice e afagou a cabeça do nosso pai,
dando-lhe razão. De facto o EVORA tem os depósitos de água na proa e estes de
momento ainda não foram abastecidos com os cerca de 22 mil litros o equivalente
a cerca de 22 toneladas, o peso suficiente para o nosso pai notar a diferença
de nível.
Uma
ligeira brisa sobrava de noroeste e o velho pescador virando-se para os filhos
comentou: “-sabem que as gaivotas indicam-nos de que lado sopra o vento?” Olhamos
um para o outro e embora saibamos alguma coisa sobre esta matéria, aprendida ao
longo de muitos anos de técnica escutista o facto é que saber a direção do
vento pelas gaivotas nunca tínhamos sequer ouvido falar.
“- Olhem
para elas! Vejam para onde apontam a proa!”
Em
cima de cada um de todos os novos candeeiros lá estava uma ou duas gaivotas
empoleiradas e, curiosamente, nunca tínhamos reparado que todas as aves estavam
viradas na mesma direção, precisamente apontando o bico para noroeste.
“-
Assim podem fazer cócó à vontade cá para baixo porque nunca sujam as penas, se
estivessem ao contrário sujavam-se!”
Se
é por causa dos hábitos de higiene das gaivotas ou não, nem sequer comento, o
facto é que reparei que todas aquelas aves estavam de bico apontado para o lado
de onde soprava a brisa.
São
histórias e ensinamentos simples como este que semanalmente são partilhadas pelo
nosso velho pai, depois do nosso almoço semanal de bom peixe fresco capturado
na nossa costa, deixando-nos bem felizes por podermos partilhar da companhia e
dos ensinamentos do nosso querido progenitor.
Rui
Canas Gaspar
2014-outubro-04
www.troineiro.blogspot.com
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