Em
Setúbal o “castelo velho” quase só se vê do espaço
Quando o arquiteto militar
Luís Serrão Pimentel, concebeu no século XVII a fortificação em forma de
estrela para no contexto da Guerra da Restauração de 1640 ajudar a defender a
vila de Setúbal certamente que em algum momento imaginou que aquela imponente
fortificação militar, passados alguns poucos séculos apenas e quase só poderia
ser vista a partir do espaço, graças à tecnologia conhecida por Google Heart.
Na poderosa construção foi
utilizada alvenaria de pedra e tijolo, revestida por cantaria, tendo sido
erigida segundo uma planta poligonal regular, estrelada. Para melhor defesa o
forte conta com cinco baluartes nos vértices e é cercado por um fosso.
De facto, se as tropas
inimigas não conseguiram invadir aquele forte o mesmo não se poderá dizer da
mãe natureza que, com as suas verdes hostes, quase engoliu o que resta da possante
construção, encontrando-se agora praticamente camuflada pelo mato que a tomou
de assalto.
Mas, camuflado não
significa destruído, pelo que o seu estado de conservação é ainda bastante
aceitável. Teremos ainda possibilidade de o admirar em toda a sua grandiosidade se para o
efeito se proceder a desmatação e a alguns trabalhos de escavação e limpeza
das zonas envolventes.
Este desprezado local
histórico, localizado na zona poente da cidade de Setúbal, junto ao Bairro da
Reboreda, foi ocupado até pouco depois da Revolução de 25 de Abril de 1974 por
famílias que viviam em deprimentes barracas, cujas construções se encostavam às
suas fortes muralhas.
Com a eliminação dessa
chaga social que foram os bairros de lata, as construções foram demolidas, as
famílias alojadas condignamente mas, o velho forte S. Luís Gonzaga, conhecido
até então pelos antigos moradores pelo “castelo velho” ou “forte velho” por ali se
ficou a ser conquistado pela vegetação. Presentemente é necessário ser-se
possuidor de algum espirito aventureiro para se conseguir entrar no espaço
interior da edificação.
Pela sua excecional
localização aquelas pedras bem que poderiam ser aproveitadas não só para contar
um pouco da nossa rica história, como também devido à sua ímpar localização, situando-se
numa colina sobre o Sado e a cidade, nos proporcionarem magníficas panorâmicas,
que seriam potenciadas se um bonito jardim ali fosse construído.
Este monumento não se
encontra classificado pela Câmara Municipal de Setúbal que o tem votado ao
abandono, sem que ao menos proceda a trabalhos de desmatação e limpeza, tarefas
que com a descentralização de poderes autárquicos estamos em crer tenham
passado para a alçada da União de Freguesias de Setúbal, entidade que tal como
a Câmara provavelmente desconhecerá a sua existência.
Rui Canas Gaspar
2014-outubro-24
www.troineiro.blogspot.com
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