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sábado, 25 de outubro de 2014





Em Setúbal o “castelo velho” quase só se vê do espaço

Quando o arquiteto militar Luís Serrão Pimentel, concebeu no século XVII a fortificação em forma de estrela para no contexto da Guerra da Restauração de 1640 ajudar a defender a vila de Setúbal certamente que em algum momento imaginou que aquela imponente fortificação militar, passados alguns poucos séculos apenas e quase só poderia ser vista a partir do espaço, graças à tecnologia conhecida por Google Heart.

Na poderosa construção foi utilizada alvenaria de pedra e tijolo, revestida por cantaria, tendo sido erigida segundo uma planta poligonal regular, estrelada. Para melhor defesa o forte conta com cinco baluartes nos vértices e é cercado por um fosso.

De facto, se as tropas inimigas não conseguiram invadir aquele forte o mesmo não se poderá dizer da mãe natureza que, com as suas verdes hostes, quase engoliu o que resta da possante construção, encontrando-se agora praticamente camuflada pelo mato que a tomou de assalto.

Mas, camuflado não significa destruído, pelo que o seu estado de conservação é ainda bastante aceitável. Teremos ainda possibilidade de o admirar  em toda a sua grandiosidade se para o efeito se  proceder a desmatação e a alguns trabalhos de escavação e limpeza das zonas envolventes.

Este desprezado local histórico, localizado na zona poente da cidade de Setúbal, junto ao Bairro da Reboreda, foi ocupado até pouco depois da Revolução de 25 de Abril de 1974 por famílias que viviam em deprimentes barracas, cujas construções se encostavam às suas fortes muralhas.

Com a eliminação dessa chaga social que foram os bairros de lata, as construções foram demolidas, as famílias alojadas condignamente mas, o velho forte S. Luís Gonzaga, conhecido até então pelos antigos moradores pelo “castelo velho” ou “forte velho” por ali se ficou a ser conquistado pela vegetação. Presentemente é necessário ser-se possuidor de algum espirito aventureiro para se conseguir entrar no espaço interior da edificação.

Pela sua excecional localização aquelas pedras bem que poderiam ser aproveitadas não só para contar um pouco da nossa rica história, como também devido à sua ímpar localização, situando-se numa colina sobre o Sado e a cidade, nos proporcionarem magníficas panorâmicas, que seriam potenciadas se um bonito jardim ali fosse construído.

Este monumento não se encontra classificado pela Câmara Municipal de Setúbal que o tem votado ao abandono, sem que ao menos proceda a trabalhos de desmatação e limpeza, tarefas que com a descentralização de poderes autárquicos estamos em crer tenham passado para a alçada da União de Freguesias de Setúbal, entidade que tal como a Câmara provavelmente desconhecerá a sua existência.

Rui Canas Gaspar
2014-outubro-24
www.troineiro.blogspot.com

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