A dança dos monumentos setubalenses
A propósito da
deslocalização da estátua de Jacinto João do estádio do Vitória Futebol Clube
para a nova rotunda com o mesmo nome, veio-me à mente a dança a que têm estado
submetidas uma boa parte das obras de arte setubalenses.
Em minha opinião a
generalidade destas mudanças vieram beneficiar os respetivos monumentos,
dando-lhes maior visibilidade, valorizando também os espaços onde foram
colocados.
Assim, conversando com um
amigo bem conhecedor das coisas de Setúbal, conseguimos identificar algumas
mudanças de local, ocorridas ao longo de vários anos, com diversas das nossas obras
de arte.
Vejamos então:
Vejamos então:
- Vinda do Convento do Carmo
seria colocada naquele que hoje designamos por Largo José Afonso a fonte
decorativa que se encontra no centro do lago, lamentavelmente relegado para
segundo plano por uma outra enorme construção difícil de deslocalizar.
- Rumando para nascente,
acabaria por ficar encostado ao alçado lateral da capela do Senhor do Bonfim, o
cruzeiro (calvário) que ali ainda hoje podemos apreciar.
- Já o outro cruzeiro que
podemos também apreciar no Largo de Jesus é uma obra bem viajada, dado que já
vai no seu terceiro poiso.
- O pelourinho deslocou-se
do Largo da Ribeira Velha para a Praça Marquês de Pombal e na década de 50 esteve
quase a ir parar à Praça do Bocage.
- A bonita Fonte do Sapal,
depois de desmontada peça por peça acabaria de ser transferida da Praça do
Bocage para a Praça Teófilo Braga e porque na moderna Setúbal já não há assim
tantos burros para dar de beber na sua nova localização não foi contemplado o
tanque que se encontrava no alçado posterior.
- Ela cantou e encantou, por
isso, foi-lhe construída uma glorieta que seria montada inicialmente no Largo
José Afonso e posteriormente transferida para a avenida que ostenta o seu nome,
Luísa Todi.
- O busto do poeta
brasileiro Olavo Bilac também mudou de poiso na Praça do Brasil, rumando do vértice
sudoeste para o local onde hoje se encontra.
- Ainda naquela zona da
cidade a imagem de “Nossa Senhora de Setúbal” viu o seu nicho mudado,
deslocando-se mais para sul, após as obras levadas a efeito na estação dos
caminhos-de-ferro.
- Será bom não esquecer os
célebres golfinhos que se encontravam na rotunda da Avenida Luísa Todi e
nadaram mais para poente, embora os coitados frequentemente se lamentem com a
falta de água no seu novo local.
- A propósito de fontes. A
do centenário (fonte luminosa) esteve vai-não -vai para ser deslocalizada uns
metros mais para poente aquando das modificações introduzidas pelo POLIS.
- O mesmo aconteceu com a “Fonte
Nova” que também esteve para ser mudada de poiso aquando da construção do “mamarracho”
que se lhe veio encostar ao traseiro (alçado, pois claro).
A vida é feita de mudanças e
as cidades também tem vida, por isso, não nos deveremos admirar com estas
alterações, só que elas devem ser bem pensadas, ponderados os prós e os contras
e depois de amadurecida a ideia ser
então decidido se é ou não de executar. É que a cidade é dos cidadãos e não de
quem governa neste ou naquele momento.
Rui Canas Gaspar
2015-agosto-14
www.troineiro.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário