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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Queremos ou não turismo em Setúbal?

Neste mês de agosto de 2015 a língua que mais se tem ouvido em Setúbal, depois do português, parece ser o francês.

Nota-se que alguns são portugueses que emigraram para terras de França e agora retornam para uns dias de férias, acompanhados dos seus descendentes, muitos deles já nascidos em terras gaulesas, mas também se constata que a maioria dos turistas estrangeiros são naturais de França.

Basta estar um pouco atento ao fenómeno na baixa de Setúbal para constatarmos esta realidade. Ali já começou a aparecer um outro tipo de comércio virado para o turismo onde se podem comprar produtos regionais.

Um dos poisos preferidos é a esplanada do Baticanos, na Praça do Bocage e um dos locais mais apelativos e que mais atenções atrai nos turistas é o artesão que há muitos anos fabrica bicicletas em miniatura e tem lugar cativo junto ao portão lateral da Igreja de São Julião.

Um outro local onde podemos constatar esta realidade é no Bowling de Setúbal onde uma parte dos clientes, neste mês de agosto,  fala a língua de Voltaire.

Onde estão alojados estes turistas? Como vieram até cá? O que os atrai nesta região? Serão perguntas que os responsáveis ligados à área do turismo deverão estar a procurar saber para a partir daí poderem desenvolver próximas ações de marketing, ou será que estes serviços estão encerrados para férias?

Tenho para mim que uma boa parte destas pessoas chegam à nossa cidade fazendo-se deslocar nas modernas autocaravanas, que todos os dias vemos chegar e partir de junto à doca dos pescadores.

A despeito de muita “fumaça” o facto é que está mais um ano praticamente passado sem que fosse dada resposta adequada, mesmo que provisória, a esta realidade que é o constante aumento de turistas que se deslocam por toda a Europa, cada vez em maior número, nas autocaravanas.

Não basta a promessa de que quando for renovado o Parque de Campismo do Outão será contemplado um lugar para autocaravanas, é necessário e urgente que se proceda, quanto antes a dotar a cidade de um espaço, com as necessárias condições para receber convenientemente essas pessoas que não são propriamente os chamados “turistas de pé descalço” que mesmo assim devem merecer tanta atenção como os de “pé calçado”.

Se insistirmos em manter o marasmo, o deixa andar, o é prá manhã, estaremos na contingência de perder uma boa fatia destes nossos visitantes que tanta falta fazem à economia local.

Bem sabemos que há muita coisa para fazer, mas teremos de ordenar devidamente as nossas prioridades e dentro destas as que são mais urgentes e, se um espaço para receber as autocaravanas não é a primeira prioridade seguramente estará antes da segunda e isto se nos despacharmos a tempo. É que as galinhas de ovos de ouro não costumam ficar no poleiro por muito tempo à espera de quem lhes deite a mão.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-20

www.troineiro.blogspot.com

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