Fui detido pela P.S.P. no
Parque do Bonfim
Despertou-me
a atenção o estado deplorável em que se encontra o edifício junto ao lago do
Parque do Bonfim, pelo que coloquei uma pequena nota no grupo do facebook
Coisas de Setúbal e as reações não se fizeram esperar inclusive com as mais
diversas sugestões de aproveitamento daquele belo espaço.
Veio-me
então à mente aquele 19 de junho de 1979 quando cerca da meia-noite por ali
passei e acabei detido pela P.S.P., e lá fui então levado dentro da “ramona”
para o edifício do comando distrital da Polícia de Segurança Pública.
Acontece
que naquele dia tinha havido um roubo de alguns milhares de escudos do edifício
da Câmara Municipal e pelos vistos os polícias andaram a fazer rusgas durante a
noite pelos cafés da cidade com o objetivo de apanhar o ou os gatunos a tomar
alguma bica como forma de comemorar tal façanha.
Nessa
noite eu tinha ido levar minha esposa ao Hospital de São Bernardo onde na manhã
seguinte daria à luz o nosso segundo filho. Depois de lá a deixar passei frente
à Escola Industrial e Comercial de Setúbal e porque visse mais movimento que o
usual, junto ao café do parque, estacionei o carro e fui saber o que ali se
passava.
Havia
bastante polícia a cercar o local e de dentro do café saiam várias pessoas que
entravam nas carrinhas policiais e, como eu me aproximasse, um dos polícias
indicou-me a carrinha onde deveria entrar.
De
pouco me valeu dizer ao polícia que tinha o carro estacionado ali junto à
escola e que estava a chegar naquele momento. O homem argumentou que era só e
apenas uma questão de identificação que não levaria muito tempo.
Mais
curioso que amedrontado, dado que se tratava de uma situação nova, lá entrei e,
juntamente com os outros detidos, levaram-me para o Comando Distrital. E foi
com surpresa que verifiquei que eram largas dezenas, ou centenas, as pessoas
que ali se encontravam, boa parte deles tinham sido “capturados” no Café
Esperança (McDonnald’s da Avenida Todi).
Bem,
acabei por ali estar até que fui chamado e submetido a interrogatório e só me
deixaram sair já perto das duas horas da manhã ilibado tal como todos os detidos,
alvo das buscas do tal assalto à Câmara Municipal, que segundo julgo saber
nunca se descobriu o ou os autores.
Umas
horas depois na velhinha maternidade do Hospital de São Bernardo ouvia-se o
choro de um forte rapaz e pela segunda vez eu era pai, estava em liberdade, mas
poderia não ser essa a minha condição devido ao enraizado hábito de querer
saber tudo o que se passa na minha terra.
Rui
Canas Gaspar
2015-agosto-19
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