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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Fui detido pela P.S.P. no Parque do Bonfim

Despertou-me a atenção o estado deplorável em que se encontra o edifício junto ao lago do Parque do Bonfim, pelo que coloquei uma pequena nota no grupo do facebook Coisas de Setúbal e as reações não se fizeram esperar inclusive com as mais diversas sugestões de aproveitamento daquele belo espaço.

Veio-me então à mente aquele 19 de junho de 1979 quando cerca da meia-noite por ali passei e acabei detido pela P.S.P., e lá fui então levado dentro da “ramona” para o edifício do comando distrital da Polícia de Segurança Pública.

Acontece que naquele dia tinha havido um roubo de alguns milhares de escudos do edifício da Câmara Municipal e pelos vistos os polícias andaram a fazer rusgas durante a noite pelos cafés da cidade com o objetivo de apanhar o ou os gatunos a tomar alguma bica como forma de comemorar tal façanha.

Nessa noite eu tinha ido levar minha esposa ao Hospital de São Bernardo onde na manhã seguinte daria à luz o nosso segundo filho. Depois de lá a deixar passei frente à Escola Industrial e Comercial de Setúbal e porque visse mais movimento que o usual, junto ao café do parque, estacionei o carro e fui saber o que ali se passava.

Havia bastante polícia a cercar o local e de dentro do café saiam várias pessoas que entravam nas carrinhas policiais e, como eu me aproximasse, um dos polícias indicou-me a carrinha onde deveria entrar.

De pouco me valeu dizer ao polícia que tinha o carro estacionado ali junto à escola e que estava a chegar naquele momento. O homem argumentou que era só e apenas uma questão de identificação que não levaria muito tempo.

Mais curioso que amedrontado, dado que se tratava de uma situação nova, lá entrei e, juntamente com os outros detidos, levaram-me para o Comando Distrital. E foi com surpresa que verifiquei que eram largas dezenas, ou centenas, as pessoas que ali se encontravam, boa parte deles tinham sido “capturados” no Café Esperança (McDonnald’s da Avenida Todi).

Bem, acabei por ali estar até que fui chamado e submetido a interrogatório e só me deixaram sair já perto das duas horas da manhã ilibado tal como todos os detidos, alvo das buscas do tal assalto à Câmara Municipal, que segundo julgo saber nunca se descobriu o ou os autores.

Umas horas depois na velhinha maternidade do Hospital de São Bernardo ouvia-se o choro de um forte rapaz e pela segunda vez eu era pai, estava em liberdade, mas poderia não ser essa a minha condição devido ao enraizado hábito de querer saber tudo o que se passa na minha terra.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-19

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