As “Sentinas do Velho
Choco”
Entre
os homens do mar setubalenses era comum naqueles tempos serem colocadas
alcunhas e, o guarda dessas instalações sanitárias não escapou a esse enraizado
hábito e, por isso mesmo, foi apelidado de “choco”.
WC
ou o termo de instalações sanitárias era então pouco usual, sendo mais
utilizado o de “sentinas” que tem o mesmo significado de “cloaca”, já utilizado
pelos romanos, um espaço a que nós hoje também designamos por “latrina”, “retrete”,
privado, etc.
E
porque o senhor que guardava e seria o responsável pelas instalações já não devia
ser muito jovem, aquele local era conhecido do pessoal de Troino e da Fonte
Nova como as “Sentinas do Velho Choco”.
Os
anos passaram, as antigas casas modernizaram-se e mesmo aquelas mais antigas sofreram
as devidas adaptações de modo a que todas as habitações ficassem dotadas do
necessário saneamento básico e fossem equipadas com retrete munidas de pelo
menos uma sanita.
Com
esta modernização das antigas casas e com a construção das novas as sentinas
públicas de que a cidade dispunha foram sendo gradualmente desativadas.
Pouco
depois da revolução de 25 de abril de 1974, mais propriamente em 1977 é formado
o Grupo Desportivo e Recreativo O Sindicato que viria a ocupar, para sua sede, as desativadas “Sentinas
do Velho Choco”, propriedade da Câmara Municipal de Setúbal.
Porque
o espaço certamente não seria o mais adequado, o clube mudar-se-ia para
instalações mais apropriadas, ficando gravado na parede da muralha em azulejos,
não só o símbolo do clube como a sua designação social.
Para
evitar o vandalismo a construção foi emparedada e hoje, dia 18 de novembro de
2014 tive oportunidade de estar na sua frente, recordando tempos passados
naquela zona da cidade, perto da rua onde nasci e sorrindo ao pensar que o “velho
choco” tão cioso da limpeza daquele local não deveria ficar nada contente se
pudesse observar o estado miserável em que o mesmo se encontra e que a imagem
documenta.
Rui Canas Gaspar
2014-novembro-18
www.troineiro.blogspot.com
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