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domingo, 17 de maio de 2015

O quadro que não pode ser retirado

A moldura encontra-se dependurada sobressaindo o desenho que um talentoso artista setubalense um dia rabiscou, gravando ali a imagem do dono daquele espaço, uma outra não menos talentosa e bem conhecida figura da nossa terra.

Muitos dos mais antigos setubalenses reconhecerão aqui a imagem de Francisco Finura, o operário especializado em trabalhos não especializados. Provavelmente não serão assim tantos que reconhecerão o traço do pintor Rogério Chora, ele próprio o autor deste trabalho, embora não o tivesse assinado.

Se por acaso desejar comprar este quadro não o poderá fazer é que ao contrário do que possa imaginar não terá força suficiente para o carregar.

O desenho foi feito diretamente na parede da oficina/fábrica de Francisco Finura e a moldura destina-se a isso mesmo, a circunscrever o espaço onde Rogério Chora gravou a imagem daquele popular setubalense. Um homem que já não se encontra entre nós e ainda sem direito a ver o seu nome numa qualquer artéria da cidade que o viu nascer.

Francisco Finura não foi um homem qualquer, foi um setubalense ímpar, independentemente dos seus muitos ofícios, dos seus mais variados talentos, tão usados e abusados, foi uma figura emblemática desta cidade.

Mas, mais do que isso, ele foi um herói, um homem que salvou algumas dezenas de vidas resgatando-as das águas, o que lhe valeu ser condecorado pelo Instituto de Socorros a Náufragos e, só por esse facto, já merecia ser lembrado pelos seus conterrâneos.

Sendo assim, e porque o quadro não pode sair da sua oficina, localizada num largo ainda sem nome, algures na Quinta Alves da Silva, que a Autarquia dele se possa lembrar, atribuindo àquele espaço o nome de um homem que serviu a cidade de uma forma como poucos o fizeram.

Rui Canas Gaspar
2015-maio-17

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