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terça-feira, 20 de outubro de 2015



O nosso “querido” óleo de fígado de bacalhau

O enfraquecimento dos ossos, motivado pela falta da luz solar e de vitamina D afetou muitas crianças no século XIX e boa parte do século XX.

O óleo de fígado de bacalhau tornou-se assim num popular suplemento alimentar para as crianças daqueles tempos, que nas escolas primárias faziam filas para que uma funcionária, colher numa mão e frasco na outra, com os miúdos a fazerem cara feia ou não, tratavam de enfiar-lhes o desagradável suplemento pela garganta abaixo.

Passados tantos anos o seu gosto ainda se encontra gravado na memória. Um desagradável sabor que em algumas escolas era neutralizado com um gomo de laranja igualmente ali fornecido.

Era mais ou menos nesta época do ano, quando o frio começava a fazer-se sentir e quando as muitas embarcações da nossa frota bacalhoeira já se encontravam em Portugal, trazendo a bordo muitos quintais do fiel amigo e várias barricas de óleo que o mesmo começava a ser ministrado às crianças portuguesas.

Curiosamente soube hoje que um desses antigos frascos, recém-descobertos, com várias dezenas de anos, contendo o célebre suplemento que foi fornecido na escola primária da Casa dos Pescadores às crianças que se podem ver na foto ilustrativa, foi oferecido e se encontra em exposição na “Mercearia do César”, o novo espaço pedagógico setubalense, recentemente inaugurado na “Fonte Nova”.

Passados tantos anos e com os ossos ainda em plena forma, não serei eu a dizer mal do tal muito pouco saboroso óleo de fígado de bacalhau.

Rui Canas Gaspar
2015-outubro-20

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