Hoje encontrei um “tesouro”
na Arrábida
A
Serra da Arrábida é uma caixinha de surpresas e não deixa de nos surpreender
pelos mais diferentes motivos. Hoje quando por lá dei uma volta e decidi ir “meter
a cabeça” num determinado local deparei-me não com um tesouro, mas com pouco
mais de três dezenas de moedas.
Não
mexi nelas, nem as desviei um milímetro do local onde se encontram, apenas as
fotografei e, de tempos em tempos, irei por lá passar para ver se estão mais,
se estão menos ou se simplesmente sumiram.
Não
sei quem as colocou nem com que intenção, tal como não sei com que intenção é
que aquele rico romano foi enterrar uma ânfora repleta de moedas, algures para
as bandas do Creiro. Provavelmente um tesouro fruto da venda do peixe em
conserva que dali saía para todo o império a bordo das possantes corbitas de
transporte.
Em
1968 uma moderna máquina ao romper o terreno para fazer a estrada que faz a
ligação entre a estrada N10-4 e a praia
do Creiro partiu a ânfora que ali estava enterrada e espalhou as moedas que
certamente tanto trabalho deram a amealhar ao seu proprietário.
O
caçador José Correia, residente em Setúbal, que por ali passou viu-as
espalhadas pela terra e ao verificar que eram de cobre e não de prata ou ouro,
não ligou grande coisa, limitando-se a apanhar um punhado e a trazer como
recordação para ofertar aos amigos.
Ao
que parece os operários que procediam aos trabalhos de terraplanagem ao terem
conhecimento do achado também trataram de recolher a maior parte das peças
encontradas, ainda antes da chegada do padre Manuel Marques, então capelão do
Hospital do Outão, entretanto alertado com a notícia.
Este
sacerdote, pessoa interessada pela história da nossa terra, deslocou-se
rapidamente ao local das terraplanagens, no Creiro e, depois de procurar entre
a terra revolvida ainda conseguiu juntar mais de três dezenas de moedas tendo
certamente muitas outras ficado por ali, enterradas no local dos trabalhos.
O
padre Manuel Marques viria a ofertar uma dessas peças ao seu colega, conhecido
estudioso desta região da Arrábida e Azeitão, padre Manuel Frango de Sousa,
moeda identificada como pertencente ao reinado do Imperador romano Honório.
Este
foi um outro tesouro arqueológico do qual nunca se conseguiu quantificar as
peças encontradas dada a dispersão das mesmas e às características que
envolveram o seu achado, nomeadamente quanto ao local, em plena Serra da
Arrábida e à quantidade de pessoas que a ele tiveram acesso.
É
claro que hoje não tive a sorte de encontrar um tesouro romano, nem muçulmano,
mas sim um punhado de moedas correntes colocadas num local pouco acessível
sabe-se lá com que intenção.
São
coisas de Setúbal ou da nossa Arrábida desconhecida!...
Rui
Canas Gaspar
17-fevereiro-2016
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