notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Prédio desinfetado, prédio recuperado

A minha memória olfativa recuou meio século ao passar pela rua que ostenta o topónimo daquele republicano que foi iniciado na maçonaria e embora sendo natural de Chaves, Setúbal homenageou-o com o nome de uma das suas ruas.

Um forte cheiro a creolina, aquele antigo produto que se usava na desinfeção das antigas instalações sanitárias existentes nalguns jardins setubalenses, podia sentir-se na Rua António Joaquim Granjo, aquela artéria que faz a ligação entre a Avenida Luísa Todi e o Largo de Santa Maria, passando ao lado do conhecido “prédio do leão”.

O edifício que se encontrava em limpeza e desinfeção é provavelmente o maior implantado naquela rua, com alçados para três diferentes artérias. O mesmo encontrava-se de portas escancaradas e lá dentro os operários já tinham feito uma enorme limpeza e remoção de lixo diverso, de alto a baixo, e agora desinfetavam tetos, paredes e pavimentos, com aquele eficiente produto.

Esta é uma das ruas da baixa cujos edifícios têm vindo a ser paulatinamente recuperados pelos seus proprietários e, segundo me foi informado, este prédio acabou de ser transacionado e em breve ali serão também iniciadas obras de recuperação.

Trata-se de um imóvel de grande volumetria que se encontrava num estado de semiabandono e onde as ratazanas não só se escondiam como ali se multiplicavam, fazendo incursões a qualquer hora do dia ou da noite pelas antigas ruas daquela parte da zona histórica.

Embora sem aquela rapidez que todos gostaríamos, até porque o dinheiro não abunda, são vários os proprietários que vão recuperando os seus imóveis na baixa da cidade, destinando-os a habitação, comércio ou serviços e esta, a pouco e pouco, vai recuperando da letargia que esteve mergulhada durante vários anos.

Embora Setúbal não disponha de uma zona histórica monumental, ela tem vários imóveis de referência, alguns deles brasonados, que se recuperados darão um aspeto bem mais agradável à cidade e seguramente tornarão o espaço muito mais atrativo não só para os turistas que nos visitam mas também e sobretudo para aqueles que aqui vivem.

Quem me dera continuar a passar pelas nossas históricas ruas e o cheiro da creolina viesse despertar-me pensamentos de quando a minha cidade tinha um outro tipo de vivência, que seguramente não seria melhor, mas que era certamente bem diferente.

Rui Canas Gaspar
2016-fevereiro-12

www.troineiro.blogspot.com

Sem comentários:

Enviar um comentário