Prédio desinfetado, prédio
recuperado
A
minha memória olfativa recuou meio século ao passar pela rua que ostenta o
topónimo daquele republicano que foi iniciado na maçonaria e embora sendo
natural de Chaves, Setúbal homenageou-o com o nome de uma das suas ruas.
Um
forte cheiro a creolina, aquele antigo produto que se usava na desinfeção das
antigas instalações sanitárias existentes nalguns jardins setubalenses, podia
sentir-se na Rua António Joaquim Granjo, aquela artéria que faz a ligação entre
a Avenida Luísa Todi e o Largo de Santa Maria, passando ao lado do conhecido “prédio
do leão”.
O
edifício que se encontrava em limpeza e desinfeção é provavelmente o maior implantado
naquela rua, com alçados para três diferentes artérias. O mesmo encontrava-se
de portas escancaradas e lá dentro os operários já tinham feito uma enorme
limpeza e remoção de lixo diverso, de alto a baixo, e agora desinfetavam tetos,
paredes e pavimentos, com aquele eficiente produto.
Esta
é uma das ruas da baixa cujos edifícios têm vindo a ser paulatinamente
recuperados pelos seus proprietários e, segundo me foi informado, este prédio
acabou de ser transacionado e em breve ali serão também iniciadas obras de
recuperação.
Trata-se
de um imóvel de grande volumetria que se encontrava num estado de semiabandono
e onde as ratazanas não só se escondiam como ali se multiplicavam, fazendo
incursões a qualquer hora do dia ou da noite pelas antigas ruas daquela parte
da zona histórica.
Embora
sem aquela rapidez que todos gostaríamos, até porque o dinheiro não abunda, são
vários os proprietários que vão recuperando os seus imóveis na baixa da cidade,
destinando-os a habitação, comércio ou serviços e esta, a pouco e pouco, vai
recuperando da letargia que esteve mergulhada durante vários anos.
Embora
Setúbal não disponha de uma zona histórica monumental, ela tem vários imóveis
de referência, alguns deles brasonados, que se recuperados darão um aspeto bem mais
agradável à cidade e seguramente tornarão o espaço muito mais atrativo não só
para os turistas que nos visitam mas também e sobretudo para aqueles que aqui
vivem.
Quem
me dera continuar a passar pelas nossas históricas ruas e o cheiro da creolina
viesse despertar-me pensamentos de quando a minha cidade tinha um outro tipo de
vivência, que seguramente não seria melhor, mas que era certamente bem
diferente.
Rui
Canas Gaspar
2016-fevereiro-12
www.troineiro.blogspot.com
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