O eficaz método pedagógico
da Professora Coelha
São
momentos sempre muito agradáveis aqueles em que recordamos os tempos da nossa
meninice, especialmente as nossas vivências escolares.
E
foi desta agradável visita a um velho setubalense que resultou a história que
aqui partilho com muito gosto, a qual é um testemunho de tempos distantes em
que os métodos pedagógicos eram bem diferentes dos de hoje.
O
Mário tinha os seus nove aninhos quando um dia, seu pai, feitor numa
propriedade na Comporta decidiu que a professora deveria puxar pelo filho de modo
a que o rapaz aprendesse mais e melhor.
Para
conseguir as boas graças da conhecida professora Coelha, que lecionava ali
perto da passagem de nível das Fontainhas, o progenitor tratou de lhe ofertar
uma saca com 50 quilos de boas batatas colhidas naqueles férteis terrenos de
Troia.
A
partir desse dia o Mário tornou-se o alvo principal da atenção da professora,
que não se fazia rogada em aplicar o respetivo corretivo com a “menina dos
cinco olhos”, a temida régua com que dava as fortes palmatoadas, quando o rapaz
não dava resposta correta a uma qualquer pergunta.
Embora
o Mário nunca tenha sido brindado com a exposição à janela, ostentando as tradicionais
“orelhas de burro”, o facto é que foram tantas as reguadas que apanhou que
ainda hoje, passados oitenta anos as tem bem vivas na memória.
Os
métodos pedagógicos da professora Coelha, seguidos anos mais tarde por sua
filha, também ela professora no Bairro de Troino, poderiam não ser os mais aconselháveis,
porém no caso do Mário parece que foram de facto muito eficazes, atendendo a
que o rapaz num só ano fez a terceira e quarta classe, ficando apto a entrar no
liceu.
Ainda
hoje, quando algum antigo companheiro de escola, o encontra, não deixa de lhe
lembrar as batatas que o pai ofertou à professora e que nunca mais acabavam…
E
se os rapazes levavam valentes dozes de reguadas, a sua vingança era depois de
feito o exame da 4 classe, já livres da temível professora, lá iam eles atirar
umas pedras à porta da senhora, que tristemente comentava: “Ingratos! Depois de
tudo o que fiz por eles, é assim a sua paga!...”
Outros
tempos, outras histórias!
Rui
Canas Gaspar
2016-fevereiro-21
www.troineiro.blogspot.com
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