Vamos ter chuva porque já
cheira a Socel
Em
1957 entrava em funcionamento a Companhia Portuguesa de Celulose, tornando-se
pioneira a nível mundial na produção de pasta branqueada de eucalipto.
Poucos
anos depois, em 1964, Setúbal via nascer a Socel – Sociedade Industrial de
Celulose, S.A.R.L. uma unidade industrial vocacionada para a produção de pasta
branqueada de eucalipto.
No
ano seguinte, constitui-se a INAPA, Industria Nacional de Papéis, S.A. com o
objetivo de produzir papéis finos de impressão e escrita, uma unidade
industrial que passou a funcionar paredes meias com a Socel.
As
novas indústrias deram emprego a bastantes setubalenses e foram muitos dos seus
quadros e técnicos aqueles que foram recrutados na Escola Industrial e
Comercial de Setúbal, nos idos anos 60, quando Setúbal começava a conhecer um
invulgar dinamismo industrial.
A
Socel que laborava a nascente da cidade do Sado, na península da Mitrena via os
ventos dominantes levarem os desagradáveis cheiros por si produzidos para o
Oceano Atlântico depois de atravessado o Sado. Porém, quando o vento soprava de
sudoeste e o cheiro chegava à cidade era comum os setubalenses comentarem que a
chuva estaria a chegar um ou dois dias depois, porque “cheirava a Socel”.
Em
1976, no âmbito das mudanças que se viviam em Portugal, depois da revolução de
25 de Abril de 1974, foi constituída a Portucel – Empresa de Celulose e Papel
de Portugal EP, como resultado do processo de nacionalização da indústria de
Celulose, da qual a Socel passou a fazer parte integrante.
O
dinâmico grupo industrial continuou não só a laborar mas a modernizar-se
constantemente, sendo considerado uma referência mundial na sua área de
atuação, adquirindo novas e potentes máquinas que lhe permitiram fazer sempre
mais e melhor produto.
Em
1993 as Unidades de Cacia e de Setúbal constituíam-se na Portucel Industrial –
Empresa Produtora de Celulose, S.A. dedicando-se à produção e comercialização
de pasta branqueada de eucalipto.
Dois
anos depois, é dado o primeiro passo na privatização do Grupo, colocando-se então
44,3% do seu capital à disposição dos investidores privados.
No
ano 2000 a Portucel Industrial adquire 100% do capital da Papeis Inapa, S.A.
dando origem à Portucel Empresa de Pasta e Papel, S.A.
Em
2006 é anunciada a construção de uma nova fábrica de papel em Setúbal, o que
permitiu ao Grupo assumir a liderança no mercado europeu de papéis finos.
Uma
década depois, em 2016, a antiga Socel agora integrada num vasto grupo
industrial e internacional assume-se como uma empresa de topo, com nova
designação: The Navigator Company.
Para
mim e para muitos outros antigos setubalenses quando o vento soprar lá das
bandas de sueste será um pouco complicado comentar de forma inglesada que vai
chover, pelo que certamente vamos continuar a dizer que “vamos ter chuva,
porque cheira a Socel”.
Rui
Canas Gaspar
2016-fevereiro-13
www.troineiro.blogspot.com
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