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sexta-feira, 14 de agosto de 2015


A dança dos monumentos setubalenses

A propósito da deslocalização da estátua de Jacinto João do estádio do Vitória Futebol Clube para a nova rotunda com o mesmo nome, veio-me à mente a dança a que têm estado submetidas uma boa parte das obras de arte setubalenses.

Em minha opinião a generalidade destas mudanças vieram beneficiar os respetivos monumentos, dando-lhes maior visibilidade, valorizando também os espaços onde foram colocados.

Assim, conversando com um amigo bem conhecedor das coisas de Setúbal, conseguimos identificar algumas mudanças de local, ocorridas ao longo de vários anos, com diversas das nossas obras de arte.

Vejamos então:

- Vinda do Convento do Carmo seria colocada naquele que hoje designamos por Largo José Afonso a fonte decorativa que se encontra no centro do lago, lamentavelmente relegado para segundo plano por uma outra enorme construção difícil de deslocalizar.

- Rumando para nascente, acabaria por ficar encostado ao alçado lateral da capela do Senhor do Bonfim, o cruzeiro (calvário) que ali ainda hoje podemos apreciar.

- Já o outro cruzeiro que podemos também apreciar no Largo de Jesus é uma obra bem viajada, dado que já vai no seu terceiro poiso.

- O pelourinho deslocou-se do Largo da Ribeira Velha para a Praça Marquês de Pombal e na década de 50 esteve quase a ir parar à Praça do Bocage.

- A bonita Fonte do Sapal, depois de desmontada peça por peça acabaria de ser transferida da Praça do Bocage para a Praça Teófilo Braga e porque na moderna Setúbal já não há assim tantos burros para dar de beber na sua nova localização não foi contemplado o tanque que se encontrava no alçado posterior.

- Ela cantou e encantou, por isso, foi-lhe construída uma glorieta que seria montada inicialmente no Largo José Afonso e posteriormente transferida para a avenida que ostenta o seu nome, Luísa Todi.

- O busto do poeta brasileiro Olavo Bilac também mudou de poiso na Praça do Brasil, rumando do vértice sudoeste para o local onde hoje se encontra.

- Ainda naquela zona da cidade a imagem de “Nossa Senhora de Setúbal” viu o seu nicho mudado, deslocando-se mais para sul, após as obras levadas a efeito na estação dos caminhos-de-ferro.

- Será bom não esquecer os célebres golfinhos que se encontravam na rotunda da Avenida Luísa Todi e nadaram mais para poente, embora os coitados frequentemente se lamentem com a falta de água no seu novo local.

- A propósito de fontes. A do centenário (fonte luminosa) esteve vai-não -vai para ser deslocalizada uns metros mais para poente aquando das modificações introduzidas pelo POLIS.

- O mesmo aconteceu com a “Fonte Nova” que também esteve para ser mudada de poiso aquando da construção do “mamarracho” que se lhe veio encostar ao traseiro (alçado, pois claro).  

A vida é feita de mudanças e as cidades também tem vida, por isso, não nos deveremos admirar com estas alterações, só que elas devem ser bem pensadas, ponderados os prós e os contras e  depois de amadurecida a ideia ser então decidido se é ou não de executar. É que a cidade é dos cidadãos e não de quem governa neste ou naquele momento.

Rui Canas Gaspar
2015-agosto-14

www.troineiro.blogspot.com

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