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domingo, 15 de fevereiro de 2015

A cidade de Setúbal está a transformar a geografia local

Alguns setubalenses até podem ainda não ter reparado, mas a geografia da cidade tem-se alterado profundamente e continua imparável neste processo que tudo transforma quase sem darmos por isso.

Há cerca de 500 anos a Ribeira do Livramento corria livremente pelo espaço ocupado atualmente pela Av. 22 de Dezembro, passando ao lado do Mosteiro de Jesus, que naturalmente foi construído num plano mais elevado que o leito da ribeira.

Presentemente, vamos encontrar a soleira do pórtico principal daquele que é o mais importante monumento setubalense, a uma cota de sensivelmente menos dois metros do piso da Avenida. Ou seja, aquele espaço subiu em média, grosso modo, na ordem dos 4 centímetros por ano.

Ainda nos anos 70 podíamos observar a estrutura de um velho moinho no alto de uma pequena colina no lado oposto onde atualmente se localiza a loja do cidadão. Com a construção dos edifícios as areias da pequena colina foram retiradas e edifícios foram ali edificados.

Mas, provavelmente a maior movimentação de terras alguma vez levada a efeito desde que nos anos 30 do século passado foram construídas as grandes muralhas e docas à beira Sado, estão agora a ser realizadas.

Milhares e milhares de metros cúbicos de terras têm vindo a ser retiradas dos pequenos outeiros até há pouco existentes entre a cadeia e o Centro Comercial Alegro, transformando aquele espaço, ao mesmo tempo que os inertes vão sendo colocados ao longo da futura avenida que está a ser construída na várzea de Setúbal, em paralelo com a Avenida dos Ciprestes.

Esse enorme aterro transformará igualmente a paisagem daquela zona, outrora ocupada por produtivas quintas agrícolas e no qual está projetado construir o maior parque verde da cidade.

Com estas movimentações de terras a paisagem vai-se transformando e a geografia local altera-se profundamente ainda que com os afazeres e as correrias do nosso dia-a-dia quase nem demos por isso.

Razão tinha o químico francês Antoine Lavoisier quando um dia afirmou: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” e Setúbal é prova disso mesmo.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-15

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