A cidade de Setúbal está a
transformar a geografia local
Alguns
setubalenses até podem ainda não ter reparado, mas a geografia da cidade tem-se
alterado profundamente e continua imparável neste processo que tudo transforma quase
sem darmos por isso.
Há
cerca de 500 anos a Ribeira do Livramento corria livremente pelo espaço ocupado
atualmente pela Av. 22 de Dezembro, passando ao lado do Mosteiro de Jesus, que
naturalmente foi construído num plano mais elevado que o leito da ribeira.
Presentemente,
vamos encontrar a soleira do pórtico principal daquele que é o mais importante
monumento setubalense, a uma cota de sensivelmente menos dois metros do piso da
Avenida. Ou seja, aquele espaço subiu em média, grosso modo, na ordem dos 4
centímetros por ano.
Ainda
nos anos 70 podíamos observar a estrutura de um velho moinho no alto de uma
pequena colina no lado oposto onde atualmente se localiza a loja do cidadão.
Com a construção dos edifícios as areias da pequena colina foram retiradas e
edifícios foram ali edificados.
Mas,
provavelmente a maior movimentação de terras alguma vez levada a efeito desde
que nos anos 30 do século passado foram construídas as grandes muralhas e docas
à beira Sado, estão agora a ser realizadas.
Milhares
e milhares de metros cúbicos de terras têm vindo a ser retiradas dos pequenos
outeiros até há pouco existentes entre a cadeia e o Centro Comercial Alegro,
transformando aquele espaço, ao mesmo tempo que os inertes vão sendo colocados
ao longo da futura avenida que está a ser construída na várzea de Setúbal, em
paralelo com a Avenida dos Ciprestes.
Esse
enorme aterro transformará igualmente a paisagem daquela zona, outrora ocupada
por produtivas quintas agrícolas e no qual está projetado construir o maior
parque verde da cidade.
Com
estas movimentações de terras a paisagem vai-se transformando e a geografia
local altera-se profundamente ainda que com os afazeres e as correrias do nosso
dia-a-dia quase nem demos por isso.
Razão
tinha o químico francês Antoine Lavoisier quando um dia afirmou: “Na Natureza
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” e Setúbal é prova disso mesmo.
Rui
Canas Gaspar
2015-fevereiro-15
www.troineiro.blogspot.com
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