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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

ARRÁBIDA

Haja paciência, porque parece que estamos entregues à bicharada!…

Há cerca de dois mil anos os romanos verificaram que o Portinho da Arrábida era um excelente local para instalar uma unidade de conservação da bela sardinha e cavala pescada aqui na nossa Costa da Galé.

Estes nossos antepassados colocaram mãos ao trabalho e, construíram na zona do Creiro, uma destas unidades conserveiras, cujos produtos exportavam para diferentes pontos do seu vasto império.

Naturalmente para as instalações fabris teria forçosamente de haver água doce, um bem escasso pelas bandas da Arrábida, no entanto, naqueles tempos longínquos deveria haver por aquela zona alguma nascente, provavelmente a que ainda hoje referenciamos como a “fonte da paciência”.

A designação dever-se-á certamente a ser tão diminuto o seu caudal que será necessária muita paciência para que se consiga obter alguma água para nos saciarmos.

Em tempos menos longínquos, por volta do século XVIII  o local era utilizado para pastagem de gado bovino conforme atestado por documentos da época.

Em 2002 o Parque Natural da Arrábida investiu verbas significativas no local desta fonte, construindo um muro e colocando ali três painéis elucidativos feitos em azulejo. Igualmente dotou o espaço com cercadura e bancos rústicos feitos de troncos tratados, tornando-o bem agradável.

Não sei se desde essa data até hoje houve algum tipo de manutenção, o facto é que o local se encontra atualmente com aspeto de abandonado e o mato e silvas vão tomando conta daquele agradável espaço.

Não percebo que tipo de proteção e manutenção o P.N.A. preconiza para estes espaços, sei que não autoriza as viaturas acederem à parte de baixo dos parques de estacionamento do Creiro e depois não faz a necessária manutenção e acompanhamento destes espaços.

O nosso povo utiliza um termo que não poderia ser mais adequado para este tipo de situações, aquele que reza assim: “estamos entregues à bicharada” . 

Nada mais verdadeiro! É que ao fazer uma incursão por aquele local da nossa serra-mãe se não vi javalis selvagens, vi pelo menos bastantes pegadas e “terra lavrada” por aqueles animais na sua busca por alimento.

De facto, haja paciência, porque parece que estamos mesmo entregues à bicharada!...

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-13

www.troineiro.blogspot.com

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