ARRÁBIDA
Haja paciência, porque
parece que estamos entregues à bicharada!…
Há
cerca de dois mil anos os romanos verificaram que o Portinho da Arrábida era um
excelente local para instalar uma unidade de conservação da bela sardinha e
cavala pescada aqui na nossa Costa da Galé.
Estes
nossos antepassados colocaram mãos ao trabalho e, construíram na zona do Creiro,
uma destas unidades conserveiras, cujos produtos exportavam para diferentes
pontos do seu vasto império.
Naturalmente
para as instalações fabris teria forçosamente de haver água doce, um bem
escasso pelas bandas da Arrábida, no entanto, naqueles tempos longínquos deveria
haver por aquela zona alguma nascente, provavelmente a que ainda hoje
referenciamos como a “fonte da paciência”.
A
designação dever-se-á certamente a ser tão diminuto o seu caudal que será
necessária muita paciência para que se consiga obter alguma água para nos
saciarmos.
Em
tempos menos longínquos, por volta do século XVIII o local era utilizado para pastagem de gado
bovino conforme atestado por documentos da época.
Em
2002 o Parque Natural da Arrábida investiu verbas significativas no local desta
fonte, construindo um muro e colocando ali três painéis elucidativos feitos em
azulejo. Igualmente dotou o espaço com cercadura e bancos rústicos feitos de
troncos tratados, tornando-o bem agradável.
Não
sei se desde essa data até hoje houve algum tipo de manutenção, o facto é que o
local se encontra atualmente com aspeto de abandonado e o mato e silvas vão
tomando conta daquele agradável espaço.
Não
percebo que tipo de proteção e manutenção o P.N.A. preconiza para estes
espaços, sei que não autoriza as viaturas acederem à parte de baixo dos parques
de estacionamento do Creiro e depois não faz a necessária manutenção e
acompanhamento destes espaços.
O
nosso povo utiliza um termo que não poderia ser mais adequado para este tipo de
situações, aquele que reza assim: “estamos entregues à bicharada” .
Nada mais
verdadeiro! É que ao fazer uma incursão por aquele local da nossa serra-mãe se
não vi javalis selvagens, vi pelo menos bastantes pegadas e “terra lavrada” por
aqueles animais na sua busca por alimento.
De
facto, haja paciência, porque parece que estamos mesmo entregues à
bicharada!...
Rui
Canas Gaspar
2015-fevereiro-13
www.troineiro.blogspot.com
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