“Construam-me, Porra!!!”
Um
grupo de jovens militantes socialistas de Beja, grafitaram em Maio de 1994, a
parede de um pontão construído em 1977 destinada a dar apoio às obras da
barragem do Alqueva, inscrevendo a expressão tipicamente alentejana:
“Construam-me, porra!!!”.
Esta
manifestação de impaciência deveu-se ao facto dos trabalhos da barragem que viria
a dar origem ao maior lago artificial da Europa estarem naquela altura num
impasse.
Cartazes
promocionais, apresentação em feiras no estrangeiro e outras iniciativas mais
ou menos dispendiosas são meios necessariamente utilizados pela autarquia
sadina, tendo como objetivo atrair mais turistas para Setúbal.
Turistas
que certamente representarão uma fonte de receita para o concelho e
consequentemente originando o seu maior desenvolvimento, resultando num melhor
nível de vida para quem aqui vive. Será certamente este o objetivo final que se
pretende atingir, até porque se assim não fosse então os meios utilizados não
se justificariam.
Em
função dos meios propagandísticos utilizados e da divulgação das belezas da
região sadina, verifica-se que de ano para ano mais turistas nos visitam,
utilizando os mais diversos meios de transporte para aqui chegarem, entre eles
as modernas auto caravanas.
É
sabido que o auto caravanismo está em grande expansão na Europa, daí que se
verifique um maior número de turistas deslocando-se nestas viaturas, umas mais
sofisticadas que outras.
Ora
bem, depois de conseguirmos atrair estas pessoas o que é que aqui lhes
oferecemos e quais as suas contrapartidas por utilizarem os nossos serviços?
O
que lhes oferecemos é pouco mais do que uma mão cheia de nada, e como tal, eles
nada pagam. Felizmente que a Natureza é mais generosa e proporciona-lhes aqui
uma beleza invulgar.
E,
provavelmente devido à generosidade da Natureza, estas pessoas nos visitam e
cada vez em maior quantidade. Hoje mesmo, 28 de fevereiro de 2015, em pleno
Inverno, 25 autocaravanas, na sua esmagadora maioria com matrícula estrangeira,
estavam parqueadas num espaço sem quaisquer condições junto da Avenida José
Mourinho, frente ao Sado.
Mas
esta situação poderia ser bem diferente. O que é que custava à Autarquia
retirar o podre vigamento de madeira, limpar o espaço e colocar alguma brita no
pavimento da antiga fábrica de conserva que se encontra mesmo ao lado do
improvisado parque e dotá-lo com capacidade para receber o triplo das viaturas?
Será
que não se poderia fazer isto e em meia dúzia de dias transformar aquele espaço
num agradável parque para receber estes turistas? Claro que sim! As verbas a
despender até não serão significativas.
Se
não houvesse a capacidade financeira para construir um parque de cinco
estrelas, pois que ficasse com três! O ótimo sempre foi inimigo do bom. Como as
coisas estão é que não é nada.
Com
a cobrança de uma pequena taxa de pernoita e utilização das necessárias
infraestruturas colocadas à disposição dos utentes o investimento seria rapidamente
reembolsado e as pessoas teriam um espaço com mais qualidade e segurança, ao
nível de uma cidade como Setúbal.
Há
cerca de um ano manifestei a minha opinião sobre esta temática e agora de novo
volto à carga, porque entretanto o que se fez foi proibir as autocaravanas de
parquearem no local onde ocupavam junto aos cacifos dos apetrechos de pesca e permitir
que estacionassem no outro dado da avenida.
Razão
tinham aqueles jovens alentejanos quando escreveram a célebre frase na parede
do Alqueva que ficaria para a história da importante construção.
Rui
Canas Gaspar
2015-fevereiro-28
www.troineiro.blogspot.com
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