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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Estão por todo o lado os marcos da Mocidade Portuguesa Feminina

A governação do Estado Novo assentava sobretudo em duas vertentes complementares, a repressão e a propaganda.

A juventude era controlada pela Organização Nacional Mocidade Portuguesa, criada em 19 de maio de 1936, em cumprimento do disposto de uma Lei datada de 19 Abril desse mesmo ano.

A esta organização, conhecida apenas por Mocidade Portuguesa ou por MP, deveriam pertencer, obrigatoriamente, todos os jovens portugueses a partir dos sete anos, encontrando-se a mesma organizada segundo os diversos escalões etários, a saber: Lusitos dos 7 aos 10 anos; Infantes 10 aos 14 anos; Vanguardistas 14 aos 17 anos e os Cadetes dos 17 aos 25 anos.

Um ano depois de criada a Organização Nacional Mocidade Portuguesa, em 8 de dezembro de 1937, nasceu a Mocidade Portuguesa Feminina que de acordo com o decreto: “cultivará nas filiadas a previdência, o trabalho colectivo, o gosto da vida doméstica e as várias formas do espírito social próprias do sexo, orientando para o cabal desempenho da missão da mulher na família, no meio a que pertence e na vida do Estado.”

A Mocidade Portuguesa foi criada inspirando-se os seus promotores no modelo da Juventude Hitleriana e, o próprio Marcelo Caetano ocupou o mais alto posto na sua hierarquia, tendo sido seu segundo Comissário Nacional, entre os anos de 1940 e 1944.

Apenas em 1971, a juventude portuguesa passa a ter direito de opção em relação à sua filiação na MP, esta deixa de ser obrigatória e passa a ser opcional. De acordo com o Decreto-Lei nº 486/71, de 8 de Novembro, a Mocidade Portuguesa e a Mocidade Portuguesa Feminina, foram transformadas em simples associações nacionais de juventude, passando a ter caráter não obrigatório.

Após a revolução de 25 de abril de 1974 é extinta esta organização de juventude.

Passados que foram mais de 40 anos sobre a extinção da M.P. ainda são bem visíveis por muitas das estradas de Portugal marcos que assinalam a sua presença.

Trata-se de nichos com imagens católicas que aquela organização mandou construir e colocar na berma das estradas, como podemos ver, por exemplo, perto de Aldeia Grande, em Azeitão ou como esta que se encontra na estrada do Outão, frente ao desativado Parque de Campismo.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, mas o facto é que há sempre algo que resiste à mudança e, neste caso, nem tudo mudou, como este que ficou materializado um pouco por todo o país.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-23

www.troineiro.blogspot.com

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